Roberto Macedo, economista e colaborador do Espaço Democrático
Edição: Scriptum
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua Trimestral, fechando o ano de 2022, mostraram esse resultado, que é muito interessante. Esses dados foram destacados por matéria do jornal O Estado de S. Paulo do dia 13 de março último.
Os quatro Estados são Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Santa Catarina. Eles mostraram uma taxa de desemprego, ou de desocupação, um pouco abaixo de 4%, enquanto a média do País ficou perto do dobro, em 7,9%.
A presença dos três primeiros Estados nesta lista sugere que nos seus casos isso resultou na forte presença do agronegócio em suas áreas, fortalecimento esse que se acentuou nos últimos anos. No passado cheguei a ver opiniões que apontavam a mecanização da agricultura moderna como indutora do desemprego. Mas isso ignora que “da porteira para fora” a expansão do agronegócio estimula várias outras atividades, como transporte, armazenagem, indústria e comércio de máquinas agrícolas e manufatura de parte do que é produzido, como no caso de óleo e farelo de soja, e sua comercialização. Agências bancárias também surgem ou se ampliam com as necessidades financeiras ligadas às atividades do agronegócio e dessas atividades que sua cadeia produtiva envolve. Um entrevistado pela reportagem, Ezequiel Rezende, coordenador da unidade de economia, estudos e pesquisa da Federação das Indústrias do Estado do Mato do Grosso do Sul, também ressaltou alguns dos pontos que citei acima.
Já no caso de Santa Catarina, a razão do menor desemprego vai além do agronegócio. Segundo a reportagem, “com agronegócios e indústria alimentícia no Oeste, indústria metalmecânica e têxtil no Norte, turismo e tecnologia no litoral e indústria cerâmica e móveis no Sul, a diversificação da economia torna improvável uma expansão do desemprego mesmo quando o País enfrenta crises severas”. Essa diversificação foi apontada por Pablo Bittencourt, economista-chefe da Federação da Indústrias do Estado de Santa Catarina.
É sabido que os indicadores macroeconômicos brasileiros representam o total e a média de um enorme País. Por isso, entre outros aspectos, é preciso atentar para a sua variação regional e setorial. Em particular, pessoas que lidam com questões regionais e locais, como governadores e prefeitos, têm que ficar muito atentos às suas condições específicas em comparação com as avaliações nacionais.
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