Redação Scriptum
As demissões em massa que vêm ocorrendo nas empresas de tecnologia digital são sintomas de um processo de transformação das startups e big techs. Pequenas ou gigantes, essas empresas foram colocadas em cheque pelo novo cenário internacional, com juros subindo e muita incerteza à frente, e terão que deixar de lado o modelo “gastador” que vigorava, focando agora na redução de custos e busca de resultados mais rápidos para seus investidores. As empresas brasileiras dessa área, contudo, tendem a se sair bem nesse processo, pois têm experiência na incerteza.
A avaliação é de Erick Cavalcante, empreendedor e investidor com mais de 20 anos de atuação no desenvolvimento de negócios e gestão da inovação. Ele participou na terça-feira (22) da reunião semanal on-line dos consultores e colaboradores do Espaço Democrático, quando foi gravado o programa “Diálogos no Espaço Democrático”, produzido pela TV da fundação para estudos e formação política do PSD.
O entrevistado falou sobre o ecossistema da inovação no Brasil, do qual as startups são um instrumento. Explicou que esse conceito se refere ao conjunto de agentes que atuam no processo de inovação e, dessa forma, contribuem para o desenvolvimento do mercado e do País.
Esses agentes, disse, são a academia (universidades), os investidores (que se encarregam de prover recursos financeiros e gerenciar riscos) e os empreendedores, “que lideram o movimento de inovação”. Além disso, lembrou, o ecossistema também é integrado pelos agentes intermediários que atuam no suporte técnico, como incubadoras, centros de pesquisas, parques tecnológicos e outros.
Nas respostas às perguntas dos participantes, Erick Cavalcante discorreu sobre o papel de cada um desses agentes e destacou a necessidade de um desenvolvimento sustentável dessa área. Ele lembrou que o Brasil já é um player importante no cenário internacional de inovação e vem atraindo fortes investimentos, mas acredita que é preciso cuidado para que a evolução desse ecossistema se dê de forma sustentável, seguindo o exemplo de nações como Israel, onde os avanços inovadores são gerados já de forma a atender o mercado global, sem focar apenas no mercado interno do país.
Formado em engenharia elétrica pela EE-UFMG e com educação executiva no Babson College, Erick Cavalcante atua no ecossistema de empreendedorismo brasileiro, tendo fundado e vendido uma empresa de base tecnológica em parceria com dois amigos, na qual, em mais de 10 anos, passou por todas as fases de desenvolvimento de uma empresa.
A entrevista com Erick Cavalcante teve a participação dos seguintes colaboradores e consultores: Januario Montone – gestor público e consultor na área de saúde; João Francisco Aprá – diretor superintendente da Fundação ED; Luiz Alberto Machado – economista; Marcos Garcia – jornalista; Rafael Auad – especialista em gestão; Roberto Macedo – economista; Rogério Schmitt – cientista político; Sérgio Rondino – jornalista, coordenador de Comunicação do ED; e Tulio Kahn – sociólogo.