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{ ARTIGO }

Pesquisas mostram que o governo reverteu a trajetória de queda em fevereiro

Para o cientista político Rogério Schmitt, o favoritismo de Lula segue inalterado, mas o ligeiro crescimento de Bolsonaro sugere que uma decisão já no primeiro turno está descartada

 

Rogério Schmitt, cientista político e colaborador do Espaço Democrático

 

Edição: Scriptum

 

Chegou a hora de fazer a nossa retrospectiva mensal do desempenho do presidente Jair Bolsonaro e de seu governo nas pesquisas de opinião pública.

A novidade é que fevereiro trouxe os melhores números dos últimos tempos para o Palácio do Planalto. Mas nada que, por enquanto, altere o cenário político-eleitoral como um todo.

Comecemos com as taxas de popularidade do atual governo. Esse indicador foi mensurado em oito pesquisas divulgadas por seis institutos diferentes ao longo do mês passado.

As médias dessas sondagens podem ser visualizadas no Gráfico 1, que compara o período que vai de novembro de 2021 até fevereiro de 2022.

 

 

 

A média de avaliação positiva do governo atingiu 25,6% do eleitorado em fevereiro, aumento superior a dois pontos percentuais em relação a janeiro. Por outro lado, a média de avaliação negativa também caiu mais de 2 pontos percentuais, para o patamar de 51,2% da população.

Duas advertências. As variações observadas são oscilações que, por enquanto, podem ser explicadas pelas margens de erro das pesquisas por amostragem. E a correlação geral de forças ainda é bem adversa para o governo: a razão entre desaprovação e aprovação é de 2 para 1.

Mas não é possível deixar de registrar que, no período observado, fevereiro foi o primeiro mês em que houve, ao mesmo tempo, aumento da avaliação positiva e queda na avaliação negativa do Palácio do Planalto.

O segundo conjunto de variáveis que temos monitorado nestas retrospectivas mensais é a intenção de voto espontânea nos atuais pré-candidatos a presidente. Em fevereiro, esses números foram medidos por seis pesquisas, conduzidas por cinco institutos distintos.

As médias das intenções espontâneas de voto em janeiro e fevereiro aparecem no Gráfico 2. Neste caso, o cenário geral do primeiro bimestre foi de estabilidade.

 

 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve-se no patamar dos 32% de intenção de voto espontânea, cerca de dez pontos percentuais acima do presidente Bolsonaro. E cerca de um terço do eleitorado ainda se declara indeciso neste tipo de pesquisa. A soma dos candidatos da terceira via e os eleitores que declaram votar em branco ou nulo estão, ambos, estabilizados na casa dos 7%.

O terceiro e último conjunto de variáveis que venho analisando nesta série mensal de artigos são as intenções estimuladas de voto nos pré-candidatos. Este indicador foi mensurado em 8 pesquisas, elaboradas por 6 diferentes institutos. As respectivas médias podem ser visualizadas no Gráfico 3.

 

 

A maior diferença entre as pesquisas espontâneas e estimuladas é a forte redução no número de indecisos, cujo patamar médio foi de apenas 3,5% em fevereiro.

Os pré-candidatos mais beneficiados pela pergunta estimulada estão sendo o ex-presidente Lula (cujas intenções médias de voto aumentam cerca de 10 pontos percentuais), e os nomes da chamada terceira via (cuja média somada de intenção de voto praticamente se multiplica por 3).

O crescimento do presidente Bolsonaro é bem menos expressivo quando se compara as duas formas de medir a intenção de voto. Mas vale registrar que, em fevereiro, ele cresceu quase 3 pontos percentuais na média das pesquisas estimuladas.

O balanço do mês de fevereiro indica, portanto, um quadro político-eleitoral em movimento. O governo Bolsonaro continua muito impopular, mas conseguiu reconquistar uma parte da opinião pública.

E o favoritismo do ex-presidente Lula na corrida sucessória segue, por enquanto, inalterado. Mas o ligeiro crescimento dos números de Bolsonaro sugere que podemos descartar o cenário de uma decisão eleitoral já no primeiro turno.

 

 

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.


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