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{ ARTIGO }

Programa de imposto menor para carros já acabou

Para o economista Roberto Macedo, foi um presentinho que o presidente Lula deu a um setor no qual já trabalhou, foi líder sindical e tem muitos amigos

Roberto Macedo, economista e colaborador do Espaço Democrático

Edição: Scriptum

 

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, anunciou no dia 7 de julho, em entrevista à imprensa, o fim desse programa cuja natureza inicial examinei em artigo publicado neste espaço no mês passado. Ligado a programas também para ônibus e caminhões, concluí que era um programa pequeno, pois seu valor total de R$ 1,5 bilhão representava uma porcentagem mínima do Produto Interno Bruto (PIB), cujo valor total está perto de R$ 10 trilhões. E mais: no caso dos carros, no qual vou me concentrar no que se segue, o valor inicial do programa representava apenas 3,5% do valor de benefícios fiscais auferidos por uma lista de oito empresas do setor de automobilístico em 2021, na forma de reduções do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e reduções também do Imposto sobre Importações (por exemplo, de autopeças importadas), conforme dados publicados pela Folha de S.Paulo no dia 6 de junho.

Tanto era pequeno que o governo acabou ampliando o valor para R$ 800 milhões, com o que o programa dos carros cresceu, mas continuou pequeno e o uso do incentivo acabou durando apenas cerca de um mês, embora a expectativa do governo fosse de uma duração de quatro meses.

Alckmin diz esperar que a queda da taxa de juros, prevista para agosto, também ajudará a aumentar as vendas. Mas essa queda, pelo menos no início, será pequena. A indústria automobilística cometeu o erro de expandir muito a sua capacidade produtiva no passado, com o que sua capacidade ociosa atual é muito alta.

Em retrospecto, creio que o programa dos carros foi como que um presentinho que o presidente Lula deu a um setor no qual já trabalhou, foi líder sindical e tem muitos amigos. Além de quedas na taxa de juros, Alckmin comentou que “… o caminho é melhorar a renda da população, emprego, competitividade, mas há momentos excepcionais…” em que o governo ajuda.

Esse caso dos carros é um em que a ajuda veio, mas a pequena dimensão dela também confirma a situação de forte carência de recursos pela qual passa o governo. Conforme a Folha de S.Paulo, também do dia 6 de junho, em reportagem intitulada o “Diesel vai subir R$ 0,11 por litro a fim de compensar incentivo para veículos”. Ou seja, quem pagou a conta foram os consumidores desse combustível.

 

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.


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