Texto: Estação do Autor com Folha de S.Paulo
Edição: Scriptum
Assim como Juscelino Kubitschek, que na década de 1960 fez nascer Brasília, o presidente Xi Jinping, com o aval do Comitê Central do Partido Comunista Chinês, projetou Xiong’an. Localizada a cem quilômetros de Pequim, a cidade foi pensada para desafogar a densa capital e sua região metropolitana.
A ideia surgiu antes de Xi Jinping. Realocar parte da capital chinesa vinha sendo discutida há décadas. Porém, foi sob o seu comando que Xiong’an, com um investimento, até o momento, de 510 bilhões de yuans (R$ 350 bilhões), começou a ser erguida. Confira na reportagem de Nélson de Sá para a Folha de S.Paulo (para assinantes), as similaridades entre o distrito federal chinês e o brasileiro.
A exemplo de Brasília, Xiong’an tem um plano piloto, chamado de distrito Qibu, possui eixos e é dividida em blocos. Em um deles, Qidong, vão se concentrar comércio, finanças e as sedes de grandes empresas estatais. Nos últimos anos, além da estação de trem, foi aberto o aeroporto internacional Daxing. O trabalho para convencer parte da população de Pequim a mudar para a nova cidade envolve também a construção de um distrito residencial e, no lado oriental de Qidong, campi avançados de quatro universidades da capital chinesa, com centros de pesquisa.
Outro ponto em comum entre as duas capitais está no que aqui chamamos de ‘cidades satélites’. O distrito de Rongdong é a primeira cidade no entorno de Xiong’an. O pesquisador americano Andrew Stokols, que foi diretor de pesquisa no Centro de Urbanismo Ecológico da Universidade de Pequim, explica que muitas vilas tiveram que ser demolidas para a construção. Por causa disso, seus habitantes foram sendo alojados nesta área, o que, segundo ele, caracteriza uma forma de desigualdade. Assim como Brasília, onde os políticos e funcionários do governo moram na parte planejada, na nova capital chinesa a população menos favorecida ficará fora do centro urbano.