Redação Scriptum
As previsões mais pessimistas caíram ao longo do ano e o comportamento da economia brasileira em 2023 surpreendeu a maior parte dos especialistas. A análise foi feita nesta terça-feira (9), pelo economista Luiz Alberto Machado na primeira reunião do ano do Espaço Democrático – a fundação para estudos e formação política do PSD. Apesar dos bons números de 2023, Machado alertou que o Brasil tem pelo menos dois grandes desafios pela frente para repetir o feito em 2024.
Consultor do Espaço Democrático, Machado usou os dados do Boletim Focus, do Banco Central, como referência para a comparação que apresentou. O Focus é uma compilação de projeções macroeconômicas feita pelo BC a partir da pesquisa com instituições como bancos, consultorias, corretoras, universidades e distribuidoras. O relatório resume, assim, a expectativa do mercado para uma série de indicadores.
Em dezembro de 2022, o Focus previa que o IPCA fecharia 2023 com alta de 5,31%, o Produto Interno Bruto (PIB) teria variação de apenas 0,80%, o dólar bateria em R$ 5,27 e a Selic estaria em 12,25% ao ano. “Chegamos ao final do ano em condições muito melhores”, destacou o economista. A estimativa é que o IPCA feche 2023 em 4,72%; o PIB tem crescimento estimado em 2,92%; o câmbio em 31 dezembro estava a R$ 4,88 e a Selic em 11,75%. Machado citou que o Índice Ibovespa atingiu o seu pico histórico no ano e que as taxas de desemprego estão em baixa, e destacou outros três indicadores importantes para a economia brasileira: as reservas internacionais encerraram o ano em aproximadamente US$ 350 bilhões, o superávit da balança comercial foi de US$ 98,8 bilhões e a nota de crédito do Brasil foi elevada pela agência de classificação de risco S&P Global Ratings de BB- para BB.
Apesar do cenário positivo, o economista destacou alguns pontos preocupantes para o futuro. O primeiro deles é a provável redução do ritmo de produção do agronegócio brasileiro, que em 2023 bateu recordes. O segundo, de caráter político, o embate entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e expressivas lideranças do PT, entre as quais a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, e o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, em torno de temas que envolvem gastos públicos.
O economista Roberto Macedo alertou para uma outra preocupação: o baixo nível de investimento do Brasil. “O investimento é a variável fundamental para o crescimento da economia”, disse. “É o que gera emprego e renda”. Macedo lembrou que o Brasil chegou a investir cerca de 10% do PIB na década de 1970 e hoje não investe mais do que 2%, considerando Estados e municípios.
Participaram da reunião do Espaço Democrático e assistiram à exposição de Luiz Alberto Machado o economista Roberto Macedo, os cientistas políticos Rubens Figueiredo e Rogério Schmitt, o sociólogo Tulio Kahn, o superintendente da fundação, João Francisco Aprá, a secretária nacional do PSD Mulher, Ivani Boscolo, e os jornalistas Eduardo Mattos e Sérgio Rondino, coordenador de comunicação do Espaço Democrático.