Texto: Estação do Autor com Revista Exame
Edição: Scriptum
O que fazer com as toneladas de lixo depositadas no planeta?
Segundo alerta feito pela ONU, durante Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente, em Nairóbi, o volume de resíduos no mundo, que atingiu 2,3 bilhões de toneladas em 2023, continuará crescendo exponencialmente até atingir 3,8 bilhões de toneladas em 2050. Os países onde os métodos de tratamento ainda são poluentes, como aterros sanitários e incineração sem recuperação, enfrentarão crises ainda mais graves nos próximos anos.
O Brasil ainda tem dificuldade para lidar com a destinação dos materiais a serem descartados. Atualmente, 38,9% de todos os resíduos produzidos no País, quase 28 milhões de toneladas, tem disposição final inadequada, informa a Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema). Reportagem de Paula Pacheco para Revista Exame (assinantes) mostra estudos sobre os resíduos e técnicas de manejo que podem, inclusive, transformar o problema em negócio rentável.
O controle adequado dos resíduos, por exemplo, por meio de melhores métodos de tratamento, limitaria o seu custo líquido anual a US$ 270 bilhões (R$ 1,3 trilhão na cotação atual) até 2050. Mas é possível ir mais longe, avançando para uma verdadeira economia circular, melhores práticas industriais e uma gestão abrangente de resíduos, o que poderia gerar inclusive um lucro líquido de mais de U$ 100 bilhões por ano (R$ 495 bilhões na cotação atual), observa o relatório Transformar resíduos em recursos, do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA).
O documento ‘Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil’, de 2023, da Abrema, calcula que 61,1% dos resíduos sólidos urbanos gerados no País são lixo doméstico ou produzidos por pequenos estabelecimentos. Aproximadamente 27,9 milhões de toneladas foram enviadas para os lixões e 5,3 milhões nem sequer foram coletados. Por outro lado, o Brasil produz tanto o biogás, obtido a partir da degradação de matéria orgânica na ausência de oxigênio, quanto o biometano. Esse gás pode ser gerado a partir de aterros, esgoto sanitário, resíduos animais e vegetais. É possível usá-lo como combustível para veículos, indústria, comércio, residências, na função termelétrica, ao ser injetado em gasodutos de distribuição de gás natural.