Pesquisar

tempo de leitura: 2 min salvar no browser

{ ARTIGO }

A recuperação judicial do Dia e a concorrência dos atacarejos

Economista Roberto Macedo escreve sobre as dificuldades da rede espanhola e a grande concorrência que vem sofrendo

Roberto Macedo, economista e colaborador do Espaço Democrático

Edição: Scriptum

 

O noticiário econômico dos últimos dias mencionou várias vezes o pedido de recuperação judicial do Dia, empresa de origem espanhola. Costumo passar por uma de suas lojas quando volto de reuniões na Fundação Espaço Democrático. Ela é bastante atrativa quanto à qualidade e preços de alguns de seus produtos. E atrai também por estar num dos meus caminhos usuais.

As notícias falam que ela tem cerca de R$ 1 bilhão em dívidas, principalmente com grandes fornecedores e bancos, e também tem dívidas trabalhistas e com micro e pequenas empresas. Anunciou que vai fechar 343 lojas e três centros de distribuição no País, mas preservando sua operação em São Paulo Paulo, o que indica que está satisfeita no Estado, no qual manterá 244 unidades.

Segundo reportagem da Folha de S. Paulo do dia 22 de março, da qual retirei algumas das informações acima, entre as causas mencionadas por representantes da empresa está o fato de ela trabalhar com o modelo “loja de atração”, em que alguns produtos, em particular os alimentos perecíveis e os de padaria, são oferecidos com destaque, e os clientes também acabam comprando outros. Mas os preços dos alimentos subiram nos anos recentes e teriam afastado clientes.

Outro fator mencionado foi a concorrência dos atacarejos, que vêm se expandindo com vigor pelo país. Evidência disso veio em outra reportagem, do jornal Valor Econômico do dia 18 de março, mostrando que dados de 2023, relativamente a 2022, mostraram que o varejo vem crescendo, em particular os atacarejos, que mostraram a maior taxa de crescimento do volume vendido no período, 14,4%.

Também aprecio os atacarejos e só não os frequento mais porque costumam ser distantes de onde moro. Outro inconveniente é que alguns dos seus produtos usualmente são vendidos em grandes quantidades, o que afasta consumidores com recursos limitados ou sem lugar para guardá-los. Mas os atacarejos estão prosperando, o que é sinal de que suas conveniências superam as inconveniências.

A mesma reportagem do jornal Valor mostra que no mesmo período citado, o que chamam de supermercados grandes cresceu 12,6%, uma taxa próxima do crescimento dos atacarejos, e as mercearias também ficaram por aí, com 12,1% – estas, acredito que pela sua proximidade de consumidores em grandes áreas residenciais. O que chama muito a atenção é que o crescimento do volume dos hipermercados foi de apenas 2,3%, o que atribuo também ao crescimento da busca por atacarejos.

O consumidor deve estar atento a movimentos como esses, pois indicam o comportamento da população ao ir às compras. Essa população tem interesses comuns e se vão numa direção é porque isso lhe é conveniente. Será que ela não estaria agindo de modo adequado às suas condições financeiras? Acredito que não, mas o consumidor que duvidar pode fazer seu próprio teste, checando a disponibilidade do que necessita e os preços desses vários setores.

 

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.


ˇ

Atenção!

Esta versão de navegador foi descontinuada e por isso não oferece suporte a todas as funcionalidades deste site.

Nós recomendamos a utilização dos navegadores Google Chrome, Mozilla Firefox ou Microsoft Edge.

Agradecemos a sua compreensão!