Rubens Figueiredo, cientista político e colaborador do Espaço Democrático
Edição: Scriptum
O governo acaba de adiar o ajuste fiscal que havia planejado e, de quebra, propôs um reajuste de salário mínimo da ordem de 6,37% em 2025, quase o dobro da inflação projetada para 2024, de 3,25% pelo INPC. Essa medida deve custar R$ 36 bilhões ao governo em 2025, com impacto significativo nas despesas da Previdência.
A sociedade assiste o espetáculo de MMA que acontece na Petrobrás. Distribui os R$ 44 bilhões de dividendos ou não? Integrantes do Conselho de Administração da Companhia falam abertamente do processo de fritura do presidente Jean Paul Prates vem sofrendo. Nessa brincadeira, a Petrobrás perdeu cerca de R$ 30 bilhões do seu valor de mercado.
Segue o processo de “deslavajatização”, que consiste em convencer a opinião pública de que não houve aquilo que ocorreu. Ou, em outras palavras, que as estripulias jurídicas do pessoal de Curitiba deveria ter o condão de anular os fatos. Nesse sentido, o monumental e documentadíssimo (640 páginas) livro “A Organização – a Odebrecht e o esquema de corrupção que chocou o mundo”, de Malu Gaspar, seria transferido para as prateleiras de obras de ficção.
O cerco se fecha para Sérgio Moro, que ganhou o primeiro round no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná, mas terá que enfrentar juízes mais hostis no Tribunal Superior Eleitoral. A juíza Gabriela Hardt, que substituiu Moro na Vara de Curitiba, foi afastada de suas funções (e depois reconduzida). As acusações contra a juíza são muito graves, entre elas a tentativa de direcionamento e controle de valores oriundos de acordos de colaboração e leniência.
É de se registrar, ainda, a iniciativa do presidente Lula de baixar artificialmente as contas de luz, algo que foi um desastre na gestão Dilma. E o que dizer do bate-boca entre o presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira, e o ministro Alexandre Padilha? Lula entra em cena preocupado com as relações institucionais Executivo-Legislativo e, em tom de galhofa, evoca a “teimosia” para justificar o apoio ao ministro.
No Supremo Tribunal Federal, os ministros não se entendem e parecem trabalhar medindo forças. Consta que existe uma indisposição entre o presidente do Tribunal, Luís Roberto Barroso, e os midiáticos Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. Essas passagens não são questiúnculas. Referem-se a uma visão intervencionista do papel do Estado, descuido com o aspecto fiscal e fricção entre os poderes. Não é um quadro muito alvissareiro…