Texto: Estação do Autor com La Nacion/O Globo
Edição: Scriptum
No Sul da Índia há uma cidade onde não há governo nem religião. Em Auroville, comunidade fundada por Mirra Alfassa, conhecida como “A Mãe”, o dinheiro não circula entre os cerca de 3,3 mil habitantes de 52 países. O lugar é considerado, desde sua fundação, em 1968, um experimento social e espiritual.
Nomeada em homenagem ao filósofo indiano Sri Aurobindo, a cidade tem cerca de 50% de moradores indianos e 20% de franceses. Reportagem para o argentino La Nacion, publicada no jornal O Globo, explica os conceitos da comunidade vista como um centro de experimentação ecológica e urbanismo sustentável do mundo.
Ao contrário do que pode parecer, Auroville não vive sob um regime anarquista. Apesar de não ter um governo, os cidadãos tomam decisões por consenso e recebem um subsídio anual do governo. Existem comitês e grupos de trabalho que administram educação, economia, saúde e infraestrutura. Os residentes recebem um salário mensal de cerca de US$ 225, o equivalente a R$ 1,1 mil, e as transações são feitas por meio de contas comunitárias. Lá não há propriedade privada e, ao se mudarem, os moradores cedem seus bens à comunidade.
Ainda que não existam credos estabelecidos, espera-se que os residentes levem uma vida espiritual. O site de Auroville esclarece que a comunidade não é adequada para aqueles fortemente ligados a uma religião específica. O trabalho coletivo é fundamental e um deserto foi transformado em floresta, com o plantio de mais de três milhões de árvores.
Descrita como “uma cidade que pertence a toda a humanidade” e busca a educação infinita e a unidade humana, o local não esteve isento de conflitos internos e críticas externas. Disputas sobre o desenvolvimento, economia e o relacionamento com as comunidades têm sido constantes. Apesar dos problemas pontuais, Auroville continua a ser uma experiência viva na busca por uma comunidade global harmoniosa.