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Cientista explica por que é preciso frear desmatamento no Cerrado para não faltar água

Bioma é considerado a “caixa d’água” do Brasil por abrigar nascentes de oito das principais bacias hidrográficas do território nacional

 

Para o geógrafo Yuri Salmona, no futuro podemos enfrentar racionamentos frequentes.

 

 

Texto: Estação do Autor com O Globo/Um Só Planeta

Edição: Scriptum

 

O Cerrado é fundamental para a segurança hídrica do País, mas a perda crescente de vegetação nativa prejudica a capacidade do solo de armazenar água. O geógrafo Yuri Salmona, doutor em Ciências Florestais pela Universidade de Brasília (UnB), dedica-se a pesquisar o bioma e encontrar maneiras de preservar seus recursos hídricos. Por cinco anos, Salmona e um time de cientistas analisaram a vazão de mais de 80 rios do bioma no Centro-Oeste, considerado a “caixa d’água” do Brasil por abrigar nascentes de oito das principais bacias hidrográficas do território nacional. Os resultados do trabalho foram publicados em um artigo que revela o impacto da produção de commodities agrícolas e das mudanças climáticas, indicando um futuro difícil.

Na semana em que se comemorou o Dia Mundial do Meio Ambiente(5), em entrevista para William Helal Filho publicada em O Globo (assinantes), Salmona, que também é diretor executivo do Instituto Cerrados, detalhou o seu estudo dos rios e deixou claro por que é urgente preservar o Cerrado para não faltar água no Brasil.

Segundo o cientista, o Cerrado é a peça central no provimento de água do País. Ocupa cerca de 25% do território e distribui água para oito bacias hidrográficas. Mais de três mil nascentes da região abastecem o bioma amazônico. Segundo a WWF Brasil, 90% da população consome energia produzida por hidrelétricas cujas águas nascem na região. Por outro lado, o Cerrado também é protagonista na produção de commodities: 80% das áreas irrigáveis do Brasil.

O trabalho revela um quadro preocupante, já que o País depende da água do Cerrado. Para Salmona, no futuro podemos enfrentar racionamentos frequentes. A situação também vai gerar conflitos como os que já ocorrem no Oeste da Bahia, onde comunidades estão acionando a Justiça contra fazendas de commodities por uso indiscriminado da água. Se o bioma não for preservado, até hidrelétricas podem vir a disputar com o agro, já que 50,5% da água consumida no Brasil vai para a irrigação, especialmente de commodities agrícolas.

Para frear o desmatamento no Cerrado, o cientista sugere que o poder público realize um trabalho articulado. Em sua opinião, é necessário que Estados e União garantam critérios e processos para supressão de vegetação nativa que garantam a perpetuidade de serviços ambientais, como a água. Sobre a reações que possam surgir do setor agropecuário com suspensões de autorizações de desmatamento, o cientista defende que o custo político é inferior ao custo de não se fazer nada. “Conter o desmatamento do Cerrado seria o maior gesto de soberania do governo. O futuro do Brasil depende de proteger suas fontes de água” conclui o cientista.


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