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{ ARTIGO }

Taxa do PIB no 1º trimestre foi boa, mas repetição é improvável

Economista Roberto Macedo não acredita que o resultado positivo volte a se repetir; tragédia no Sul é uma das razões

Roberto Macedo, economista e colaborador do Espaço Democrático

Edição Scriptum

 

 

Escrevo aqui depois de tratar desse mesmo assunto num artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo no dia 6 de junho. O argumento defendido neste artigo é o mesmo apresentado no jornal, mas aqui voltarei aos aspectos então abordados e adicionarei outros.

Olhando à frente, não se deve esperar que o agronegócio apresente taxas tão altas como a de 11,3% no primeiro trimestre. Ademais, neste segundo trimestre o PIB sofreu o impacto das inundações no Rio Grande do Sul, que trouxeram prejuízos generalizados à sua economia, que representa cerca de 6,5% do PIB nacional.  O aumento real do salário mínimo já não terá tanto impacto como o da sua elevação no primeiro trimestre.

Analistas citados pelo jornal Valor Econômico de 5 de junho estão prevendo um crescimento menor no segundo trimestre, a taxas que variam muito, alcançando de 0,4 a 0,5%, 0,1%, e até uma variação negativa. Ou seja, uma grande variação que atribuo a incertezas quanto ao tamanho do impacto da tragédia que ocorreu no Rio Grande do Sul.

Houve um aumento da taxa de investimentos em relação ao PIB, o que aconteceu após três trimestres de queda dessa taxa, e ela continua muito baixa, tendo sido de apenas 16,9% nesse trimestre, uma das mais baixas desde 2000, segundo o mesmo relatório do IBGE. Essa taxa precisaria ficar acima de 20% e idealmente adiante de 25% por um longo período para que o crescimento econômico fosse bem mais forte e sustentável.

Houve quem mencionasse um aumento dos saques da caderneta de poupança como também influente na taxa do PIB do primeiro trimestre. Mas examinei os dados do Banco Central sobre o assunto e vi que os saques mais fortes ocorreram em 2022 e desde então vêm se reduzindo, inclusive até maio deste ano.

A forte queda da taxa de investimento do setor público como proporção do PIB, conforme dados de investimento público para todos os entes da Federação (União, Estados, municípios) e empresas públicas da União também não ajuda. Conforme o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, essa taxa chegou perto de 10% em 1977, mas nos anos recentes oscilou em torno de apenas 2,5% do PIB.

E as incertezas quanto ao futuro se ampliaram em face da percepção de que o governo federal e o partido do presidente não têm mesmo um compromisso efetivo com um ajuste fiscal que atacasse também o lado das despesas. O déficit fiscal nominal, em abril último, foi recorde e ultrapassou R$ 1 trilhão.

Um fator sobre o qual ainda não havia refletido – e nem vi o mesmo por parte de analistas do mercado –, será o impacto da eleições municipais de outubro, que levarão a uma ampliação de gastos públicos e privados em municípios de todo o Brasil. Isto, em busca da eleição de candidatos de interesse dos prefeitos e vereadores, eventualmente com ajuda adicional vinda dos Estados e da União, o que impactará a economia principalmente no terceiro trimestre, que absorve o maior  tempo da campanha eleitoral.

Mesmo assim continuarei entendendo que o crescimento do PIB no primeiro trimestre não se repetirá nos demais trimestres do ano, mas será bom se eu estiver errado. Continuarei acompanhando o assunto e voltarei a ele em futuros artigos.

 

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.


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