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Eleição não vai mudar percepção americana sobre o Brasil

Doutor em Relações Internacionais, Daniel Buarque fez palestra na fundação de estudos e formação política do PSD

“Os americanos nos veem como um parceiro pouco confiável, porque percebem que há uma postura brasileira anti-hegemonia americana”, disse Daniel Buarque.

 

Redação Scriptum

 

Seja qual for o resultado da polarizada eleição americana, a imagem do Brasil nos Estados Unidos permanecerá inalterada. A percepção em relação ao País continuará sendo muito positiva quando ele for visto por meio das manifestações culturais ou como um bom destino de férias; mas o Brasil manterá o status de ator de segunda linha nas discussões dos grandes temas internacionais. Quem defende essa tese é o jornalista e doutor em Relações Internacionais pelo programa de PhD conjunto do King’s College London (KCL) e do IRI/USP Daniel Buarque.

Em palestra na reunião semanal do Espaço Democrático – a fundação para estudos e formação política para o PSD –, Buarque, que é editor-executivo do portal Interesse Nacional, fez uma análise dos eventuais impactos, para o Brasil, de uma vitória do republicano Donald Trump ou da democrata Kamala Harris na eleição de novembro. Ele é autor do livro Brazil, um país presente, para o qual fez mais de 100 entrevistas com a comunidade de política externa americana – diplomatas, jornalistas, acadêmicos e integrantes de think tanks republicanos e democratas para entender a percepção sobre o País.

Veja em vídeo os principais trechos da entrevista:

 

 

“Uma das questões centrais é que os americanos enxergam o Brasil como um país que está na sua periferia, que não é uma prioridade, mas que poderia ser um parceiro importante para representar os interesses americanos na América do Sul”, diz ele. “Os americanos também nos veem como um parceiro pouco confiável, porque percebem que há uma postura brasileira anti-hegemonia americana”. Outro ponto captado por Buarque no estudo da percepção americana é o de que o Brasil é um país que não toma partido, que não escolhe um lado. “Essa postura de neutralidade da diplomacia brasileira é vista de forma crítica, o que atrapalha a projeção mais forte do Brasil no mundo: um país que não toma partido não pode ser líder”, afirma.

Buarque avaliou os impactos do resultado da eleição americana para o Brasil. Segundo ele, se a disputa fosse hoje é provável que Kamala Harris ganhasse por uma pequena margem. E, no caso de uma vitória dela, temas como direitos humanos, a crise climática e a democracia, todos de interesse do País, seriam prioritários. Já no caso de uma vitória de Trump, a orientação seria de viés contrário: “Ele é contra as regulamentações ambientais rigorosas, por exemplo”.

Participaram da reunião semanal do Espaço Democrático, com perguntas para Buarque, os cientistas políticos Rogério Schmitt e Rubens Figueiredo, os economistas Roberto Macedo e Luiz Alberto Machado, o sociólogo Tulio Kahn, o gestor público Januario Montone, a secretária do PSD Mulher nacional, Ivani Boscolo, e os jornalistas Eduardo Mattos e Sérgio Rondino, coordenador de comunicação da fundação do PSD.


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