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{ ARTIGO }

125 anos de glórias

Luiz Alberto Machado fala sobre o aniversário do Esporte Clube Pinheiros, cujos atletas ganharam medalhas nos Jogos Olímpicos

 

Luiz Alberto Machado, economista e colaborador do Espaço Democrático

 

No dia 7 de setembro, o Esporte Clube Pinheiros completa 125 anos e, como ocorre anualmente, o mês será repleto de comemorações envolvendo atividades sociais, culturais e esportivas.

Tive o privilégio de frequentar o clube praticamente desde que nasci, pois na época o título de meu pai, da categoria familiar, assim o permitia. Frequentei o Jardim de Infância, desfrutei das dependências destinadas ao entretenimento de crianças e comecei a praticar diversas modalidades de esportes como recreação, até me fixar no basquete, sendo federado em 1963 na categoria pré-mirim.

Acompanhei as mudanças que permitiram o aperfeiçoamento de suas instalações simultaneamente às alterações urbanísticas que transformaram o clube num verdadeiro oásis situado numa das regiões mais valorizadas de São Paulo, ao lado do Shopping Center Iguatemi.

Permaneci jogando pelo clube até o final da categoria pré-mirim em 1967, ano em que perdemos a final do campeonato paulista para o Corinthians. No ano seguinte, me transferi para o Esporte Clube Sírio, no qual fiquei até o primeiro ano do juvenil, indo depois para o Palmeiras, onde conquistei o campeonato paulista de 1973. Como jogava por esses clubes na condição de militante, segui frequentando regularmente o Pinheiros.

Em 1968, fui convocado para a seleção brasileira de basquete que foi disputar o campeonato mundial de biddy basket em Porto Rico. Embora já estivesse no Sírio, a convocação deveu-se à performance revelada até o ano anterior. Aliás, dos doze integrantes daquela seleção, oito pertenciam às equipes finalistas do campeonato de 1967, quatro do Pinheiros e quatro do Corinthians.

Esse relato detalhado de minha própria trajetória se justifica para ilustrar uma das mais importantes características do Pinheiros que se estende até os dias de hoje, qual seja, o de formador de atletas.

Na recém-finalizada edição dos Jogos Olímpicos de Paris, a delegação brasileira contou com 34 atletas do Pinheiros de oito modalidades, entre os quais Beatriz Souza, Larissa Pimenta, Willian Lima e Rafael Silva, o Baby, do judô, além de Alison Silva, o Piu, do atletismo, responsáveis pela conquista de uma medalha de ouro, uma de prata e cinco de bronze. Caso fosse um país, o Pinheiros ficaria em 51° lugar no quadro de medalhas, ao lado da Suíça e à frente de países como Argentina, Chile, Colômbia, México e dezenas de outros. Fenômeno semelhante tem acontecido nas sucessivas edições dos Jogos Olímpicos, dos Jogos Pan-Americanos e de outras competições internacionais.

Entre os antigos medalhistas olímpicos pinheirenses impossível não lembrar de João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, dos nadadores Manuel dos Santos, Gustavo Borges e, dos judocas Douglas Vieira e Leandro Guilheiro, e do ginasta Arthur Nory.

Também nas Paralimpíadas o Pinheiros tem deixado sua marca, com inúmeras medalhas conquistadas por André Brasil, na natação, e Petrúcio Ferreira, no atletismo. Em 2024, uma curiosidade: Gabriel Aparecido dos Santos Garcia, que integrou a equipe de atletismo nos Jogos Olímpicos, participou como atleta-guia de Jerusa Gerber dos Santos, nos Jogos Paralímpicos, conquistando a medalha de ouro nos 100 metros rasos.

Fundado por imigrantes alemães em 1899, com o nome de Sport Club Germania, o clube só passou a se chamar Esporte Clube Pinheiros por ocasião da 2ª Guerra Mundial, quando, a exemplo de outras agremiações esportivas e culturais alemãs e italianas, foi obrigado a mudar de nome. Atualmente, o clube ocupa uma área de 170 mil m², sendo 80 mil m² de área verde. Considerado o maior clube poliesportivo da América Latina, é formador e mantenedor de atletas de alto nível, buscando permanentemente a excelência no esporte, na cultura e no lazer para os seus mais de 39 mil associados.

Com esse magnífico espaço à disposição, continuo frequentando regularmente o Pinheiros e praticando diversas modalidades de esportes recreativos, juntamente com minha mulher, que, entre outras atividades, completou quatro maratonas, orientada pela técnica Eliana Reinert, e com meu filho, que jogou basquete e segue jogando futebol nos campeonatos internos e nos torneios interclubes. Atuando pelo Pinheiros no futebol de 7 (antigo futebol society), chegou à seleção brasileira, conquistando o campeonato mundial em Curitiba em 2018.

Confesso ser crítico da estrutura do esporte no País, que privilegia os clubes, aos quais o acesso é limitado, para a formação e aperfeiçoamento dos atletas de alto rendimento. Em outros países, com desempenho esportivo muito superior ao do Brasil, as escolas e, posteriormente, as universidades, nas quais o acesso é praticamente universal, constituem a base da formação dos atletas e das principais competições. Apenas os que chegam ao profissional passam a defender as famosas franquias das ligas de basquete, beisebol, futebol americano e hóquei no gelo.

Portanto, na realidade esportiva brasileira, cabe aos clubes o papel de formar a manter atletas de alto rendimento e, nesse aspecto, o Pinheiros ocupa lugar de destaque, ao lado do Flamengo, do Minas Tênis Clube e do Praia Clube de Uberlândia.

Independentemente de haver uma alteração radical nessa estrutura, o Esporte Clube Pinheiros continuará sendo motivo de orgulho para seus associados e patrimônio esportivo de São Paulo e do Brasil.

 

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.


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