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{ ARTIGO }

Uma cadeirada normal

As redes sociais criaram uma sociedade treinada para aceitar o inusitado, o diferente, a aberração, escreve Rubens Figueiredo. Nesse contexto, uma cadeirada é algo absolutamente corriqueiro

Rubens Figueiredo, cientista político e colaborador do Espaço Democrático

Edição Scriptum

 

A cadeirada desferida por José Luiz Datena no candidato Pablo Marçal no debate dos candidatos à Prefeitura de São Paulo da TV Cultura do dia 15 de setembro não foi considerado algo que pudesse promover grandes mudanças no humor dos eleitores paulistanos. É o que se pode concluir analisando os resultados da pesquisa Datafolha, realizada entre 17 e 19 de setembro. Os dois envolvidos no episódio, agressor e agredido, mantiveram seus índices de intenção de voto estáveis, mas experimentaram um aumento na rejeição.

As redes sociais criaram uma sociedade treinada para aceitar o inusitado, o diferente, a aberração. Nada mais é surpreendente. Assistimos durante a semana dezenas de vídeos mostrando as situações mais estapafúrdias. Passe uma meia hora no TikTok ou no Instagram e vai ver cachorro falando, brigas de toda natureza, carros capotando, jogadores de futebol se xingando, assaltos, aviões caindo, ladrões sendo mortos a tiros… Nesse contexto, uma cadeirada passa como algo absolutamente corriqueiro.

No debate realizado no SBT, dia 20 de setembro, imperou a calmaria. Eu até brinquei dizendo que foi um desrespeito com os telespectadores, que esperavam algo na linha dos encontros anteriores. Pablo Marçal é um belíssimo animador de debates e um gênio dos cortes, mas essas habilidades trouxeram-no 19% de intenção de voto e 47% de rejeição. O eleitorado aceita a esculhambação até um certo limite, acima do qual passa a rechaçar determinados comportamentos.

A opinião pública não tem a atividade política em alta conta, é verdade. Mas até para um outsider milionário e craque nas redes sociais exige-se um pouco de compostura. A estratégia de atacar de forma virulenta e indiscriminada seus adversários, tentando transformar a campanha numa espécie de circo de horrores, deu com os burros n’água. Mudar a imagem de carrasco para menino bonzinho no meio do jogo não vai colar.

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.


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