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{ ENTREVISTA }

A assustadora estatística de suicídio entre adolescentes: 1.900% de aumento em 20 anos

Psiquiatra Michel Matias Vieira falou sobre prevenção a consultores do Espaço Democrático

 

Colaboradores do Espaço Democrático participam de entrevista on-line com o psiquiatra Michel Matias de Oliveira

 

 

Redação Scriptum

 

Os suicídios de jovens entre 15 e 24 anos cresceram 1.900% no Brasil nos últimos 20 anos. A assustadora estatística, tabulada pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) entre 2003 e 2023, revela que ainda há muito a fazer em prevenção – mote da campanha Setembro Amarelo, realizada anualmente –, segundo diz o psiquiatra Michel Matias Vieira em entrevista coletiva on-line concedida a consultores do Espaço Democrático – a fundação para estudos e formação política do PSD.

Formado pela Unicamp, com MBA em gestão da saúde pela Fundação Getúlio Vargas e pós-graduação em Psicologia Organizacional pela PUC de São Paulo, ele está à frente de uma iniciativa pioneira no Brasil: o Lar Estável, primeiro home care especializado em saúde mental, em Itupeva, município do interior de São Paulo onde é diretor-clínico do Hospital Psiquiátrico.

No mesmo período de 20 anos apresentado por Matias Vieira, a taxa global de suicídio cresceu 21% no Brasil. “Os homens se suicidaram de 2,3 a 4 vezes mais que as mulheres, e os idosos, pessoas acima de 65 anos, apresentaram as maiores taxas”, disse. As tentativas de suicídio também têm números crescentes. No ano passado, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 11.502 internações relacionadas a lesões em que houve intenção deliberada da pessoa, o que resulta na média diária de 31 casos. Este total representa aumento de mais de 25% em relação aos registrados em 2014.

Matias Vieira apontou que, ao contrário do que acontece entre os adultos, a incidência é maior entre adolescentes do sexo feminino que nos do sexo masculino. “É um crescimento alarmante”, disse, enfatizando que se intensificou depois da pandemia do Coronavírus. O psiquiatra lembrou que um fator de risco adicional entre adolescentes é o suicídio de pessoas públicas ou que o adolescente conhece pessoalmente. Lembrou, por exemplo, que nos cinco meses que se seguiram à morte do ator americano Robin Williams, em 2014, o número de casos aumentou em 10% nos Estados Unidos.

O crescimento exponencial do suicídio entre jovens não é o único dado que chama a atenção nas estatísticas. As mortes entre idosos, pessoas acima de 65 anos, também são expressivas. Segundo Matias Vieira, as estatísticas de letalidade crescem com a idade. E, segundo ele, é possível perceber a intenção. “Cerca de 70% dos idosos que cometem suicídio são conhecidos por partilhar as suas ideações com um membro da família ou com outras pessoas antes”.

O suicídio é um problema de saúde pública no Brasil à medida em que são notificados 14 mil casos todos os anos – cerca de 38 pessoas tiram a própria vida todos os dias. Por esta razão o psiquiatra defende a implementação de políticas públicas específicas, como a maior oferta de serviços para tratamento psiquiátrico e psicológico.

Participaram da entrevista coletiva com Matias Vieira o sociólogo Tulio Kahn, os economistas Roberto Macedo e Luiz Alberto Machado, os cientistas políticos Rubens Figueiredo e Rogério Schmitt, o gestor público Januario Montone, o advogado e empresário Helio Michelini e os jornalistas Eduardo Mattos e Sérgio Rondino, coordenador de comunicação da fundação.


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