Texto: Estação do Autor com Um Só Planeta/globo
Edição: Scriptum
Baleias que caçam a milhares de metros abaixo da superfície do mar, onde a luz não chega, dependem de um sofisticado sistema de ecolocalização para encontrar suas presas. No entanto, estudo recente publicado no Marine Pollution Bulletin revelou que esse sistema também pode levá-las a ingerir grandes quantidades de plástico flutuante, colocando suas vidas em risco e reforçando a urgência de combater a poluição nos oceanos
Reportagem de Renata Turbiani para o site Um Só Planeta mostra como os ecos de sacolas e outros detritos plásticos encontrados nos oceanos produzem ecos muito parecidos com os de lulas, a principal presa de muitas espécies de baleias. Essa semelhança sonora engana os animais, que acabam consumindo o lixo achando que é comida.
Baleias dentadas de mergulho profundo, como cachalotes e baleias-bico-de-ganso, vibram lábios fônicos abaixo de seus respiradouros para gerar som, que então é projetado através de um órgão gorduroso em suas testas, segundo informa reportagem da National Geographic.
Conforme o som ricocheteia em objetos no escuro, gorduras nas mandíbulas inferiores das baleias o direcionam para seus ouvidos internos, permitindo que elas localizem presas a várias centenas de metros de distância.
Para o estudo, pesquisadores da Duke University, dos Estados Unidos, coletaram nove itens plásticos encontrados em entranhas de baleias nas praias da Carolina do Norte. No oceano, amarraram esse material a um equipamento embaixo de um barco e os atingiram com ondas sonoras em frequências que as baleias dentadas usam para caçar. Eles repetiram o processo em cinco corpos de lulas mortas e em cinco bicos de lula retirados do estômago de uma baleia encalhada. Os resultados mostraram que todos os itens de plástico retornaram ecos tão ou mais fortes do que os das lulas.
Por causa disso, especialistas têm enfatizado que reduzir a produção e o descarte de plásticos deve ser uma prioridade global. A solução mais indicada seria trocar os plásticos existentes por materiais biodegradáveis que se decompõem rapidamente no oceano ou nos estômagos das baleias.