Rubens Figueiredo, cientista político e colaborador do Espaço Democrático
Edição Scriptum
Algumas das melhores frases espirituosas trazem consigo verdades dramáticas e perturbadoras. O genial José Simão se referia à “turma do primário mal feito”. Eles seriam os responsáveis pelas iniciativas governamentais absolutamente desvinculadas da racionalidade e do bom senso. O primário malfeito deixa uma marca indelével.
O “primário” de hoje seria uma parte do chamado “ensino fundamental”. Pois bem. Segundo o ranking intitulado “Trends in International Mathematics and Science Study (TIMSS)”, nossos estudantes matriculados no quarto e oitavo ano ficaram em quinquagésimo quinto lugar entre 58 países. Atrás, somente Marrocos, Kwait e África do Sul.
Um contingente da ordem de 51% dos nossos alunos de 9 anos não conseguem fazer uma multiplicação básica de números com apenas um dígito; por exemplo 4 x 3 ou 5 x 7. Dados da entidade Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (IEDE) dão conta que, entre mais de 47 mil escolas pesquisadas pela instituição, apenas 71 foram classificadas com bons resultados em matemática. É muito grave.
O Brasil investe 5,6% do PIB em educação. Trata-se de um padrão superior à média de 4,4% da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é conhecido como “clube dos ricos”. Você está lendo corretamente: o Brasil investe mais em educação do que investe a média dos países mais ricos. Acima de nós em termos de investimento, apenas Suécia, Bélgica, Islândia, Finlândia e Noruega.
Mas esse volume de recursos públicos é aplicado de forma absolutamente desproporcional. O gasto anual por aluno do ensino fundamental é de US 3.668, enquanto a média da OCDE é US 11.914. No ensino superior, o valor por aluno em nosso país é US 13.569. Resultados: nossa performance no ensino fundamental é péssima e nossas Universidades vão de mal e pior. Primário malfeito dá nisso!
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