Pesquisar

tempo de leitura: 5 min salvar no browser

{ BALANÇO }

Espaço Democrático faz retrospectiva de 2024 e traça perspectivas para 2025

Mesa redonda na reunião semanal da fundação do PSD debateu fatos que foram destaque no Brasil e no mundo

 

Reunião semanal de colaboradores do Espaço Democrático

 

 

Redação Scriptum

 

Consultores e colaboradores do Espaço Democrático – a fundação para estudos e formação política do PSD – fizeram uma mesa-redonda de análise dos eventos mais importantes de 2024 e das perspectivas para o Brasil e o mundo em 2025. Os debates do terceiro encontro semanal de dezembro tiveram a participação do superintendente da fundação, João Francisco Aprá, dos economistas Luiz Alberto Machado e Roberto Macedo, do advogado Roberto Ordine, do sociólogo Tulio Kahn, dos cientistas políticos Rubens Figueiredo e Rogério Schmitt, do gestor público Januario Montone, do médico sanitarista e ambientalista Eduardo Jorge, da secretária do PSD Mulher nacional, Ivani Boscolo, e dos jornalistas Eduardo Mattos e Sérgio Rondino, coordenador de comunicação do Espaço Democrático.

Gargalos da economia

Luiz Alberto Machado e Roberto Macedo chamaram a atenção para as grandes pressões que a economia brasileira sofrerá no próximo ano, especialmente em razão do viés de alta dos gastos públicos.

“O presidente Lula acredita que gastar é governar, mas é necessário conter a escalada”, disse Machado. Ele apontou que o Brasil deve crescer entre 3,5% e 4% em 2024, contrariando as previsões mais pessimistas feitas no início do ano, “mas a sustentabilidade deste crescimento é a grande incógnita para o próximo ano”. Para o economista, “a combinação de inflação, juro alto e câmbio é uma ameaça difícil de contornar”.

Macedo destacou que muitas empresas estão recuando em seus planos de investimento por causa do juro alto. “E o Brasil ainda pode enfrentar mais problemas com a posse de  Donald Trump nos Estados Unidos, especialmente com a ameaça de aumento de tarifas de importação dos nossos produtos”.

Roberto Ordine, presidente da Associação Comercial de São Paulo, relatou que o empresariado está assustado: “Há muita intranquilidade e quem tem dinheiro está tirando do País, um movimento que é acompanhado pelo capital especulativo”, afirmou. Ele citou o que considera um agravante neste quadro: as declarações infelizes do presidente Lula sobre a economia. “São populismo”, disse.

O ano que está terminando, porém, trouxe uma surpresa para a economia da América Latina, segundo Machado: a gestão de Javier Milei na Argentina. “Ele entregou muito e teve o mérito de não ter mentido”, afirmou o economista. “Avisou que o primeiro ano seria muito difícil e o resultado macroeconômico é inegavelmente ótimo”.

Crime digital em alta

O sociólogo Tulio Kahn, especialista em segurança pública, destacou a tendência de crescimento dos crimes digitais ao longo de 2024, ao mesmo tempo em que, com a melhora da economia, os crimes violentos de rua continuaram caindo. “O criminoso é racional: sabe que o estelionato é mais compensador, pois a punição é menor e o butim, maior”, afirmou.

Kahn destacou outros dois importantes fenômenos registrados em 2024 na área da segurança pública. O primeiro deles é que o crescimento rápido e desordenado da Amazônia Legal, formada por 772 municípios – localizados nos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão – já provoca o aumento da criminalidade da região, onde é grande a atividade que promove o desmatamento, como a mineração legal e ilegal, as queimadas para aumentar a área de plantio e de pecuária e a extração legal e ilegal de madeira. O outro é o crescimento da letalidade policial em São Paulo aos níveis pré-pandemia de Covid-19.

O plano do golpe e as eleições

Os cientistas políticos Rubens Figueiredo e Rogério Schmitt analisaram a conjuntura política brasileira já com o pano de fundo da próxima eleição presidencial.

Figueiredo, que definiu o plano de golpe descoberto pela Polícia Federal como iniciativa digna “do Agente 86 ou do Inspetor Clouseau”, personagens trapalhões e cômicos da televisão e do cinema, acredita que o episódio terá impacto na eleição de 2026. “A queda na intenção de voto de Jair Bolsonaro já está aparecendo nas pesquisas”, disse. Os novos lances do embate quase permanente entre os poderes também foi um tema destacado pelo cientista político. “No Brasil, Executivo Legislativo e Judiciário se movimentam para aumentar o próprio poder”, apontou. “Por isso sou pouco otimista em relação a 2025”.

Avaliando já o cenário da próxima eleição, Schmitt falou sobre a dificuldade da oposição ao petismo. “Qualquer candidato que dependa da herança política do Bolsonaro terá de se reposicionar diante dos últimos eventos”. Do lado governista, ele aposta que a meta de Lula será perseguir o grau de investimento para o Brasil. Schmitt lembrou da importância da troca de comando na Câmara e no Senado para a disputa de 2026. E não descartou uma reforma ministerial já com este horizonte eleitoral em vista.

Vacinas e dengue

2024 foi o ano em que O Brasil venceu a desinformação contra a vacinação. “Mesmo com toda a campanha anti-vacina do governo Bolsonaro, conseguimos recuperar as metas e adquirir, por exemplo, a certificação de área livre do sarampo, que havia sido perdida em 2019, enfatizou Januario Montone, gestor público na área de saúde. “Tivemos uma grande vitória das bases do SUS: a cobertura vacinal para BCG, tríplice viral e pólio atingiu mais de 90%”.

Mas nem tudo funcionou bem. Ele apontou o avanço da dengue, decorrente da falta de prevenção no ano anterior. “Todos sabemos que não dá para combater o mosquito depois que ele voa”, disse. “Foram cerca de 6,5 milhões de casos”. A esperança, afirmou, é a vacina que foi desenvolvida pelo Instituto Butantã, em São Paulo, e que já está sendo analisada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “É a primeira do mundo, já com eficiência comprovada, e estará disponível em 2026”.

Mais espaço à mulher

A secretaria do PSD Mulher nacional, Ivani Boscolo, chamou a atenção para o intenso trabalho de formação política que o núcleo feminino do partido vem fazendo, fruto de uma parceria com o Insper. “Já fizemos eventos em vinte e uma capitais, cada um deles com grupos entre 30 e 90 mulheres”, lembrou. Os professores são do Insper e só podem participar do curso mulheres que sejam filiadas ao PSD.

O empenho do polo feminino é para aumentar a participação feminina na política. Em 2024, o PSD elegeu 102 prefeitas, 125 vice-prefeitas e 1.141 vereadoras em todo o País.

O planeta pede socorro

Médico sanitarista e ambientalista, Eduardo Jorge falou sobre a emergência climática: em 2025 este continuará sendo um dos principais temas no mundo e em especial no Brasil, que sediará a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP 30.

Jorge lembrou que o Acordo de Paris previa metas para as emissões de forma que a temperatura média não subisse mais que dois graus em relação à média de meados do século 19. “Neste ano já temos aumento de 1,5 grau”, disse. Segundo ele, todas as iniciativas mostram que a humanidade caminha no rumo certo, mas em ritmo inadequado.

Como pontos positivos, lembrou o avanço que o Brasil teve na redução do desmatamento este ano, 20%, mas apontou que se deve mais à fiscalização, que cresceu, que em uma opção pela preservação. E destacou que a transição energética brasileira vem avançando: hoje, 25% de nossa energia é eólica e solar.


ˇ

Atenção!

Esta versão de navegador foi descontinuada e por isso não oferece suporte a todas as funcionalidades deste site.

Nós recomendamos a utilização dos navegadores Google Chrome, Mozilla Firefox ou Microsoft Edge.

Agradecemos a sua compreensão!