
Análise revelou que desde o início do século o número diminuiu, em média, 1,3% ao ano em 48 estados americanos
Texto Estação do Autor com Estadão
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As borboletas da América estão desaparecendo. A ação de inseticidas, mudanças climáticas e perda de habitat provocou uma queda de 22% em comparação com o ano 2000, segundo estudo publicado recentemente na revista Science.
A primeira análise sistemática nacional sobre a abundância de borboletas revelou que desde o início do século o número tem diminuído, em média, 1,3% ao ano em 48 estados americanos. O estudo revela que 114 espécies apresentam declínios significativos, enquanto apenas nove aumentam. Reportagem publicada no Estadão (assinantes) traz mais detalhes sobre o assunto.
Nick Haddad, coautor do estudo e entomologista da Universidade Estadual de Michigan, afirma que não há sinais de reversão para o declínio que as borboletas vêm sofrendo nos últimos 20 anos. A pesquisa combinou 76.957 levantamentos de 35 programas de monitoramento, resultando na contagem de 12,6 milhões de borboletas ao longo das décadas.
Para David Wagner, entomologista da Universidade de Connecticut que não participou do estudo, embora a taxa anual de declínio possa não parecer significativa, é “catastrófica e triste” quando acumulada ao longo do tempo. “Em apenas 30 ou 40 anos estamos falando sobre perder metade das borboletas em um continente”, alerta.
Os Estados Unidos têm 650 espécies de borboletas, mas 96 estavam tão escassas que não apareceram nos dados e 212 não tiveram números suficientes para calcular tendências, disse Collin Edwards, autor principal do estudo. Já Anurag Agrawal, especialista em borboletas da Universidade Cornell, alerta sobre o futuro de outra espécie: os humanos. “A perda de borboletas, papagaios e golfinhos é, sem dúvida, um mau sinal para nós, os ecossistemas de que precisamos e a natureza que desfrutamos”, disse.
Mudanças climáticas, perda de habitat e inseticidas tendem a trabalhar juntos para enfraquecer as populações de borboletas, disseram os autores do estudo. Dos três, aparentemente os inseticidas são a maior causa, com base em pesquisas anteriores do centro-oeste dos EUA, complementa Nick Haddad.