Roberto Macedo, economista e colaborador do Espaço Democrático
Edição Scriptum
É sabido que o presidente Lula aprecia muito viagens internacionais, das quais muitas vezes não traz maiores resultados. Desta vez, indo à China, tudo indica que foi diferente. Segundo o noticiário, sua recente viagem àquele país conseguiu a vinda de R$ 27 bilhões (!) de investimento para o Brasil. O jornal Valor Econômico, informou que “…o montante é fruto de parcerias entre empresas chinesas e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações de Exportações e Investimentos (Apex), instituição ligada à gestão federal. O compromisso foi divulgado durante o encerramento do Fórum Empresarial Brasil-China, em Pequim, que contou com a presença do próprio Lula”.
E mais: “… uma parte considerável desse valor será investida pela GWM, conhecida por ser uma das maiores montadoras chinesas. A companhia se comprometeu em injetar R$ 6 bilhões para expansão de suas operações no Brasil, a partir de onde exportará para toda a América do Sul e México. Outra parcela do investimento virá por meio da empresa Meituan, plataforma de delivery que anunciou desembolsar cerca de R$ 5 bilhões para atuar no mercado de entregas por meio do aplicativo Keeta”.
A notícia do jornal menciona outras empresas chinesas nos setores de energia e tecnologia verde.
É necessário, porém, cautela. Sei de acordos entre governos de países que nunca se materializaram na prática, encalhando por uma razão ou outra, principalmente por falta de gestão e de recursos. Nesse caso, entretanto, as promessas foram feitas por empresas e em público, o que me parece reduzir a probabilidade de fracassos. Uma outra razão é que a China é muito poderosa e está muito interessada em ampliar sua influência no Hemisfério Sul. Como disse Lula no evento, “a nossa relação será indestrutível, porque a China precisa do Brasil e o Brasil precisa da China.” Assunto a acompanhar e espero que o noticiário me traga informações sobre ele.
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