Roberto Macedo, economista e colaborador do Espaço Democrático
Edição Scriptum
A indústria criativa do Brasil já alcança 3,6% do PIB. Este resultado intitulou artigo o jornal Valor Econômico do dia 18 de junho último. Segundo o texto, “pela classificação da FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), a indústria criativa está dividida em quatro grandes áreas (consumo, cultura, mídias e tecnologia). E 13 segmentos. Quase metade (48,7%) das vagas de trabalho do setor está em consumo, que reúne publicidade e marketing, arquitetura, design e moda. Tecnologia é o segundo segmento com maior participação em postos de trabalho (37,2%), seguido por mídias (7,7%) e cultura (6,5%).”
De acordo com o texto, “pioneira nos debates da indústria criativa no País, a FIRJAN destaca no estudo que as contribuições para a economia vão além dos segmentos criativos propriamente ditos. Em 2023, do 1,262 milhão de trabalhadores criativos, 1 milhão atuava em empresas em que a atividade principal não era criativa. Ao todo, 221,3 mil estavam na atividade chamada indústria de transformação, ou a indústria clássica. A criatividade é insumo fundamental para qualquer atividade produtiva, sendo determinante para a propriedade intelectual e a geração de valor agregado e intangível em diversos setores.” A FIRJAN classifica a criatividade como “competência indispensável para o futuro do trabalho”.
Se o leitor tem maior interesse pelo assunto, recomendo a leitura do livro Economia + Criatividade = Economia Criativa, na sua segunda edição revista, de autoria do economista Luiz Alberto Machado e dos professores Maurício Andrade de Paula, Anapaula Iacovino Dávila e Sonia Helena Santos. Pode ser obtido em pdf no site www.espacodemocrtatico.org.br, procurando-se em Publicações. Seguem alguns trechos de um artigo sobre o referido livro, publicado em Artigos por Luiz Alberto Machado no mesmo site.
“Lançada no início de 2022, a primeira edição foi muito bem recebida, tendo se esgotado completamente em meados de 2023. Como afirmou o presidente do PSD, Gilberto Kassab, por ocasião do seu lançamento, “além de se constituir num setor fundamental de geração de emprego e renda, a economia criativa combina fatores de importância inquestionável no Brasil contemporâneo, como diversidade cultural, inovação, sustentabilidade e inclusão social”.
A segunda edição do livro, que tem como proposta básica oferecer uma visão integrada da economia, da criatividade e da economia criativa, é prefaciada por Rafael Greca, prefeito de Curitiba, cidade que além de fazer parte da Rede de Cidades Criativas da UNESCO no segmento design, foi eleita em Barcelona, na Espanha, no mês de novembro de 2023, a Cidade Mais Inteligente do Mundo – principal prêmio do World Smart City Awards – por suas políticas públicas, ações e programas de planejamento urbano voltados ao crescimento socioeconômico e à sustentabilidade ambiental.
Enfatizando sempre que a combinação entre economia e criatividade pode resultar em economia criativa, os autores corroboram a posição de John Howkins, um dos mais respeitados especialistas em economia criativa, que em seu livro Economia Criativa: como ganhar dinheiro com ideias criativas, afirma (São Paulo: Makron Books, 2013, p. 12): “A criatividade não é algo novo, tampouco a economia, mas a novidade está na natureza e na extensão da relação entre elas e como elas se combinam para criar valor e riqueza extraordinários”.
O conteúdo do livro Economia + Criatividade = Economia Criativa está dividido em três partes. A primeira versa sobre economia, dando ênfase aos aspectos da teoria econômica que se relacionam com a criatividade e a inovação como fatores fundamentais para a obtenção do desenvolvimento. Esse aspecto foi identificado pioneiramente por Celso Furtado, que no livro Criatividade e dependência na civilização industrial, escrito em 1978, afirmou (São Paulo: Companhia das Letras, 2008, p. 11): “Quaisquer que sejam as antinomias que se apresentem entre as visões da história que emergem em uma sociedade, o processo de mudança social que chamamos desenvolvimento adquire certa nitidez quando o relacionamos com a ideia de criatividade”.
A segunda parte aborda a criatividade, alertando para o fato de que a mesma, ao contrário do que muita gente pensa, não é uma característica inata nas pessoas, mas sim uma área do conhecimento cujas pesquisas têm se intensificado desde a segunda metade do século 20, sendo possível identificar pelo menos cinco gerações.
A terceira parte, por sua vez, focaliza a economia criativa, apresentando suas principais definições, sua abrangência e seu caráter estratégico. Encerrando a terceira parte, os autores convidam os leitores a uma viagem a dezenove cidades criativas brasileiras, incluindo as quatorze que fazem parte da Rede de Cidades Criativas da UNESCO.
Os autores esperam que tais exemplos possam inspirar gestores públicos, em especial os ocupantes de cargos executivos nas esferas municipal e estadual, no sentido de explorarem os diversos segmentos da economia criativa em suas respectivas localidades.”
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