Redação Scriptum
A criação de um mercado de carbono é o melhor instrumento para combater aquele que será o maior problema da Humanidade nas próximas décadas: o aquecimento global. “Precisamos enfrentar o desafio de reduzir as emissões de carbono a zero para que a temperatura média não aumente, tornando a vida ao menos tolerável, especialmente em regiões tropicais como a nossa”, diz Candido Bracher, ex-CEO do Itaú-Unibanco que deixou o sistema financeiro em 2021 e hoje é um estudioso da causa da emergência climática. “A solução é fácil, colocar um preço para as emissões de carbono”, define.
Bracher é o personagem do caderno Mercado de carbono – O que é e como ajuda a combater o aquecimento do planeta, já disponível para download ou leitura on-line do site do Espaço Democrático – a fundação para estudos e formação política do PSD. A publicação traz a íntegra da entrevista dada por ele ao programa Diálogos no Espaço Democrático, que pode ser assistida no canal de YouTube da fundação.
Entrevistado pelo ambientalista Eduardo Jorge e pelos jornalistas Eduardo Mattos e Sérgio Rondino – âncora do programa de entrevistas –, Bracher define o aquecimento global como um dos poucos temas sobre os quais há consenso. “Todos concordam com a existência, as causas e a solução”, aponta. “Apesar disto, o progresso na direção da solução é lento, quase inexistente, tanto que as emissões continuam aumentando”.
Bracher defende que uma ferramenta já utilizada pelos países da União Europeia possa ser utilizada para o primeiro passo da criação de um mercado comum de carbono: o CBAM (Carbon Border Adjustment Mechanism, ou Mecanismo de Ajuste de Fronteira de Carbono, em tradução livre), taxação aduaneira de carbono para produtos importados pela UE. “Uma empresa que produz aço na Bélgica, por exemplo, paga um imposto pelas emissões de carbono, mas uma siderúrgica chinesa exporta para a Europa sem pagar isso, uma concorrência desleal”, diz. “A Europa inventou um imposto que é cobrado na fronteira, de todos os produtos importados para o continente, que é pelo carbono contido na produção, como se esses produtos tivessem sido produzidos na Europa, sujeitos a regras europeias”. Ele defende que este modelo seja usado por Brasil, União Europeia, Austrália e Japão para constituir este mercado de carbono.