
Com menos acesso à internet, sobrou mais espaço para a socialização, prática de atividade física ou contato com a natureza.
Edição Scriptum com Estação do Autor e Agência Einstein/Revista Galileu
O excesso de tempo que passamos no celular, conectados à internet, é prejudicial à saúde mental. É o que conclui pesquisa da Universidade de Alberta, no Canadá, publicada no Pnas, periódico da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos. O estudo revela que reduzir o tempo on-line traz benefícios como diminuir sintomas de ansiedade e aumentar a atenção.
Reportagem de Gabriela Cupani para a Agência Einstein, publicada na revista Galileu, traz dicas de como usar o celular de forma mais saudável, segundo a pesquisa canadense, que testou o efeito da desconexão. Os autores selecionaram 467 voluntários para instalar um aplicativo no aparelho capaz de bloquear o acesso à internet móvel, incluindo dados e wifi.
Os participantes foram divididos em dois grupos: metade ficou sem internet por duas semanas, enquanto os demais serviram de controle para comparar os resultados. Depois, todos ficaram duas semanas bloqueados, mas ainda com acesso a mensagens de texto e chamadas, além de internet no computador.
Ao final do período, quase todos (91%) mostraram melhora no bem-estar subjetivo, ou seja, na forma como avaliavam sua saúde emocional, nos índices de saúde mental e na capacidade de manter a atenção. Segundo os autores, isso se deve à forma como as pessoas passaram a usar o tempo. Com menos acesso à internet, sobrou mais espaço para a socialização, prática de atividade física ou contato com a natureza.
A psicóloga Bianca Dalmaso, do Einstein Hospital Israelita, destaca alguns fatores que explicam como a conexão constante pode afetar negativamente a saúde mental e a atenção. “Há uma sobrecarga cognitiva, ou seja, recebemos ou temos acesso a uma quantidade muito grande de informações e isso acaba exigindo que o nosso cérebro processe estímulos constantes, o que pode levar à fadiga mental”, observa.
Para usar o celular de forma mais saudável, Dalmaso recomenda adotar pequenas mudanças na rotina. Uma delas é definir propósitos claros: antes de pegar o aparelho, vale se perguntar “por que estou acessando agora?”, ajudando a evitar o uso automático.
Também é importante organizar a tela inicial, mantendo apenas aplicativos realmente úteis e retirando atalhos de redes sociais que estimulam o impulso de abrir sem necessidade. Outra estratégia eficaz é ativar o modo “não perturbe”, sobretudo durante momentos de trabalho, estudo ou sono.
Dar prioridade às conexões reais, com interações presenciais sempre que possível, também faz diferença. Por fim, escolher consumir conteúdos como leituras, cursos ou vídeos educativos, em vez de rolar o feed eternamente, contribui para transformar o tempo de tela em algo mais proveitoso e menos nocivo.