Roberto Macedo, economista e colaborador do Espaço Democrático
Edição Scriptum
O economista Kenneth Rogoff, professor da Universidade Harvard e ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, veio ao Brasil recentemente e foi entrevistado sobre a economia do seu país em reportagem de página inteira do jornal Valor Econômico do dia 22 de setembro. A reportagem veio com o título “É difícil acreditar que não teremos uma crise financeira”, pois ele espera turbulência fiscal no seu país.
Achei interessante, pois aqui no Brasil vários economistas também estão pensando numa crise financeira se a questão fiscal não for resolvida. Vejamos os argumentos de Rogoff. Ele afirma que Trump é maluco ao dar tanta ênfase às tarifas e “acho que eu não seria capaz de servir ao governo Trump”. E mais: “Nos próximos quatro a cinco anos os EUA terão uma crise fiscal.” Perguntado sobre um ajuste via controle de despesas, Rogoff respondeu que “Trump foi eleito reclamando dos déficits de Joe Biden e provavelmente vai entregar um déficit ainda maior. Nenhum dos partidos quer fazê-lo (esse ajuste, acrescento). Por isso, vejo uma crise chegando. … Os problemas fiscais são a raiz de tudo.”
Esta última frase também se aplica ao Brasil. Também se aplica a Lula a previsão de que ele vai entregar um déficit maior do que aquele recebido. E também não vejo outros partidos com disposição para realizar um ajuste fiscal. A decisão de adotá-lo é uma questão política que deixa os políticos perplexos com suas dificuldades, mas eles permanecem imóveis, lá como aqui.