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{ ARTIGO }

Pois é!

Para o cientista político Rubens Figueiredo, o momento é de ponderação e bom senso, mas quem propõe esse caminho é acusado de estar “em cima do muro”.

Rubens Figueiredo, cientista político e colaborador do Espaço Democrático

Edição Scriptum

 

Poucas vezes, em nossa história republicana, convivemos com tantos estímulos políticos de alto teor explosivo ao mesmo tempo. A sociedade brasileira já não parte do zero: está polarizada, desconfiada, cansada e, a julgar pelas manifestações recentes, pronta para reagir. É como se o terreno estivesse seco e fagulhas fossem lançadas a cada novo dia.

O cardápio é vasto. O tarifaço de Donald Trump misturado com tentativas de ingerências em questões internas estimulam discursos nacionalistas e ameaçam a economia real. O julgamento de Jair Bolsonaro mobilizou paixões que transbordam para as ruas, reacendendo o espírito de confronto. A CPI do INSS, aparentemente burocrática, toca em milhões de aposentados e pensionistas e tem potencial de virar espetáculo midiático. A ideia de anistia para os envolvidos no 8 de janeiro expõe a fratura entre justiça e parcelas ponderáveis da opinião pública. E, para completar, a PEC da blindagem talvez seja o gesto mais simbólico de um Congresso avesso às aspirações da sociedade e disposto a se proteger enquanto o País enfrenta dificuldades.

A sensação é de “déjà vu”. A esquerda volta às ruas embalada por símbolos culturais de peso — Chico BuarqueGilberto Gil e Caetano Veloso. Articuladores como Michel TemerAécio Neves e Paulinho da Força reaparecem. Zé Dirceu e Guilherme Boulos assumem o papel de professores da ação política, explicando ao País como agir. Quem propõe a pacificação ganha a pecha de covarde.

Ao mesmo tempo, o embate entre Congresso e Supremo Tribunal Federal ganha contornos de duelo sem árbitro. Cada poder parece lutar por sobrevivência própria, enquanto a sociedade se sente deixada de lado — que se lixe. Não há instância de mediação confiável; o que sobra é a percepção de que os cidadãos estão reféns de corporações políticas e jurídicas.

O Brasil está excitado, inflamado, sem espaço para respirar. Mais uma vez, teremos que provar nossa resiliência. Sobrevivemos às decepções dos planos econômicos, à hiperinflação, dois impeachments, a recessão da Dilma Rousseff, um desequilíbrio fiscal crônico com tendência de ficar agudo e nosso crescimento econômico é medíocre. O momento é de ponderação e bom senso. Mas quem propõe esse caminho, estará sempre “em cima do muro”. Pois é!

 

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.


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