
Sérgio Fausto: “Nós não gostamos de igualdade, está no nosso comportamento, na nossa cultura”
Redação Scriptum
A história da social-democracia e as razões pelas quais o Brasil nunca teve uma experiência plena desta doutrina são os principais temas do mais recente exemplar da série Cadernos Democráticos, edita pela fundação de estudos e pesquisas do PSD. Já disponível para leitura on-line ou download no site do Espaço Democrático, o caderno traz a íntegra da palestra feita pelo cientista político Sérgio Fausto, diretor-geral do Instituto Fernando Henrique Cardoso, na fundação.
Ele lembrou do surgimento da social-democracia na Europa e os seus propósitos. “A grande ruptura que ela estabeleceu foi a de que é economia de mercado com um Estado que tem papel forte para corrigir desigualdades e fazer regulação”. Fausto destacou que a corrente política procurou canalizar o conflito da distribuição para a arena política e está menos ligada à ideia de distributivismo fácil, que segundo ele destrói riqueza e capacidades, e mais à ideia de desenvolver competência por meio da educação e saúde públicas, redes de proteção para momentos de fragilidade como desemprego e velhice.
Fausto enfatizou que a igualdade é uma questão central para a social-democracia e é por essa razão que o Brasil não teve ainda uma autêntica experiência social-democrata. “Nós não gostamos de igualdade, está no nosso comportamento, na nossa cultura”, disse. “Estamos o tempo todo procurando nos diferenciar com regimes especiais e canais especiais de acesso: o amiguismo, o familismo, o clientelismo e o patrimonialismo estão extraordinariamente entranhados na cultura brasileira, na ponta oposta da igualdade, que é o valor essencial da social-democracia”.