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{ ARTIGO }

Voo de galinha a gavião

Por que o Brasil cresce pouco? Luiz Alberto Machado escreve sobre o livro da jornalista Juliana Rosa, que tenta desvendar o enigma

Luiz Alberto Machado, economista e colaborador do Espaço Democrático

Edição Scriptum

 

Quem acompanha minimamente o noticiário especializado certamente já se deparou com o comentário de que o desempenho recente da economia brasileira se assemelha a um voo de galinha, alternando poucos ciclos de euforia e muitos de estagnação ou depressão econômica. Nos ciclos de euforia, percebemos algo parecido com voos de galinha, que são curtos e rasantes.

A jornalista Juliana Rosa, oportuna e criativamente, utilizou esse comentário para dar título ao recém-lançado livro De galinha a gavião, que tem por subtítulo Como impulsionar o voo da economia brasileira.

Evidenciando claramente a razão pela qual se transformou numa das mais admiradas jornalistas especializadas em economia, Juliana Rosa passeia pelos intrincados caminhos percorridos pela economia brasileira utilizando-se de pontos de vista de alguns de seus maiores protagonistas por ela entrevistados, expostos de forma clara e acessível, o que torna a leitura bastante  prazerosa.

Prefaciado por Zeina Latif, o texto começa com dois capítulos caracterizando o que são voos de galinha e explicando como a economia brasileira chegou à armadilha em que hoje se encontra. Os cinco capítulos seguintes descrevem as principais armadilhas: o desequilíbrio nas contas públicas, os juros altos, os desafios da educação, a baixa abertura ao comércio internacional e a infraestrutura precária.

Entre os comentários de economistas brasileiros e estrangeiros escolhidos por ela para ilustrar os descaminhos de nossa trajetória selecionei os seguintes:

“O Brasil é o único país do mundo no qual a indústria nascente tem 60 anos de idade” – de Marcos Lisboa, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.

“Se tivesse só uma ficha para impulsionar o crescimento do Brasil, colocaria na abertura comercial, um processo que impulsionaria outras reformas. Por trás da abertura comercial está a melhora do ambiente de negócios. Competição, previsibilidade e incentivos corretos voltados para estimular a educação e a inovação são os principais ingredientes para o crescimento” – de Ana Paula Vescovi, ex-secretária do Tesouro Nacional e economista-chefe do Santander.

“Não existe nada mais permanente do que um programa temporário do governo” – de Milton Friedman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1976.

“A Constituição puxou o pêndulo demais para o outro lado, criando uma política sem nenhuma análise de custo-benefício” – de Marcos Mendes, economista e pesquisador do Insper, autor do livro Por que o Brasil cresce pouco?

O penúltimo capítulo focaliza a necessidade de recuperar a confiança como condição indispensável para desarmar as armadilhas.

O último capítulo apresenta diversos depoimentos sobre como manter a esperança viva a fim de que o Brasil passe a voar como um gavião. Desses depoimentos, chamou minha atenção o do ex-ministro Pedro Malan, que destacou a ligação dos jovens brasileiros com a tecnologia, que foi essencial, em diferentes momentos, para o sucesso de países como Estados Unidos, França, Alemanha, Japão e, mais recentemente da China.

Para Malan, “a genialidade de Deng Xiaoping, um dos grandes estrategistas do século passado, foi ter percebido que a China tinha que se abrir para o mundo, absorvendo tecnologia e investindo em educação de qualidade. Eles enviaram milhões de jovens chineses para estudar nas melhores universidades do mundo em ciência, matemática, tecnologia, computação, computação quântica, e hoje disputam com os Estados Unidos em algumas dessas áreas, como Inteligência Artificial. A China era um país miserável, era paupérrimo 40 anos atrás, mas teve sentido de direção e propósito”.

Além dos especialistas já mencionados, Juliana Rosa se vale de depoimentos de Priscila Cruz, presidente e cofundadora da ONG Todos pela Educação, e dos economistas Alessandra RibeiroArmando CastelarArmínio FragaBernard AppyClaudio FrischtakFabio GiambiagiGabriel GalípoloIsaac SidneyJosé Márcio CamargoJosé Roberto Mendonça de BarrosMário MesquitaMonica de BolleOtavio de Souza LealRicardo Paes de BarrosRoberto PadovaniSergio ValeSolange SrourFelipe Salto e Lucas Ferraz, os dois últimos colaboradores do Espaço Democrático.

Por todas essas razões, De galinha a gavião merece ser lido tanto por leigos quanto por iniciados.

 

 

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.


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