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Homicídios motivados pela ação do tráfico são superestimados no Brasil

Sociólogo Tulio Kahn analisou 45 estudos diferentes feitos em todos os Estados para chegar à conclusão

[caption id="attachment_37183" align="aligncenter" width="1600"] Tulio Kahn: "Não é possível dizer que as estimativas de 30% são corretas, mas uma coisa é certa: 80% não é”[/caption] Redação Scriptum O sociólogo Tulio Kahn apresentou nesta terça-feira (19), durante a reunião semanal do Espaço Democrático – a fundação para estudos e formação política do PSD – um levantamento sobre as motivações dos homicídios no Brasil. Kahn, que tem mestrado e doutorado em Ciência Política pela USP e foi consultor da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, atuando na Coordenadoria de Análise e Planejamento entre 2003 a 2011, mapeou nada menos do que 45 estudos em diferentes Estados do Brasil para compilar os resultados e outros 27 para fazer a classificação dos eventos. A conclusão a que chegou é a de que embora muitos estudos apontem o tráfico de drogas como responsável por até 80% dos homicídios, o número é exagerado, mesmo em Estados onde o tráfico tem forte presença, casos de São Paulo e Rio de Janeiro. “Os dados não são confiáveis e o Brasil não tem nenhum estudo mais aprofundado sobre o tema, nem mesmo metodologias e classificações padronizadas para que seja possível fazer uma estimativa fundamentada”, disse ele. O sociólogo citou como exemplo eventos nos quais um crime é cometido e a vítima tinha drogas em seu poder. “Não significa que tenha sido um homicídio motivado pelo tráfico, mas muitas vezes é considerado assim pela polícia”. Segundo Kahn, as pesquisas que parecem mais apropriadas são as acadêmicas, que apontam o tráfico como responsável por alguma coisa entre 20% e 30% dos homicídios no Brasil. “Diante da falta de informação confiável, não é possível dizer que as estimativas de 30% são corretas, mas uma coisa é certa: 80% não é”. Participaram da reunião semanal do Espaço Democrático e da exposição de Tulio Kahn sobre o tema os economistas Roberto Macedo e Luiz Alberto Machado, os cientistas políticos Rogério Schmitt e Rubens Figueiredo, o superintendente da fundação, João Francisco Aprá, o gestor público Januario Montone, e o jornalista Eduardo Mattos.  

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Respeitem os jornais impressos

Para o cientista político Rubens Figueiredo, os jornais são “descartianos”; as mídias sociais, “nietzschianas”

Rubens Figueiredo Edição Scriptum Não sei se é politicamente correto ou se estou contribuindo de forma vergonhosa para acelerar o desmatamento global. Pode ser sinal de uma ligação nostálgica com o passado ou até um alarme de que estaria vivendo fora do mundo real da virtualidade. O fato é que, sim, eu leio jornal impresso. E, para mostrar de forma definitiva o quanto antiquado e esperançoso eu sou, de vez em quando ainda recorto e guardo artigos e matérias que me interessaram – e, com toda certeza, jamais olharei de novo. Dizem que as bancas vendem mais jornais velhos para donos de pets do que as edições do dia. Deve ser verdade. Li em algum lugar que existem 168 milhões de animais de estimação no Brasil. E eles precisam de jornais. Eu mesmo tenho em casa uma cadela de médio porte, que deve ser reacionária, a julgar pela preferência que tem em prestigiar a Folha em detrimento do Estadão (agora pequenino) quando necessita se envolver com jornais velhos. Vai saber... Nos jornais, as informações estão organizadas e o conteúdo é mais relevante. Estão lá, bonitinhos, todos os dias: a capa com a manchete e as chamadas, os editoriais, os artigos assinados, as colunas de notas políticas e de economia, as páginas de política nacional e internacional, economia, esportes, cidades, cultura. Você sabe onde está o quê, seleciona aquilo que quer ler e se dá bem na empreitada. Já os sites de informação misturam tudo. É um caleidoscópio temático que dispersa a atenção do leitor. Mais confunde do que esclarece. Na hora em que escrevo, o UOL traz chamadas a votação do STF sobre 8 de janeiro logo acima de uma pesquisa on-line sobre quem chega pior à final da Copa do Brasil, um comentário de um jornalista esportivo, outro dizendo que a IA revela arritmias sem sintomas que causam AVCs, “Capeta indo para o culto” e por aí vai. Jornais são descartianos, mídia social é nietzschiana. Outro dia eu estava procurando no mesmo UOL matéria sobre pesquisa e, em segundos, me deparei fuçando as notícias sobre o caso do jogador Antony, cortado da seleção brasileira de futebol por supostamente ter agredido a ex-namorada influencer. Fiquei sabendo que ela é DJ, faz performance no palco e mora na Europa. Nada disso me interessa. Por essa e por outras é que peço: não tenham preconceito com aqueles que leem jornais impressos. Eles merecem respeito. Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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Comparando a popularidade dos governos Lula e Bolsonaro

O governo Lula tem apresentado taxas médias de avaliação positiva sistematicamente melhores do que as do governo anterior, escreve Rogério Schmitt

    Rogério Schmitt, cientista político e colaborador do Espaço Democrático Edição: Scriptum   O objetivo deste artigo é comparar a variação dos índices de popularidade, nas pesquisas de opinião pública, dos governos Lula e Bolsonaro nos seus respectivos nove primeiros meses (ou seja, entre janeiro e setembro). Como veremos, estamos diante de duas dinâmicas muito distintas do ponto de vista político. A minha régua comparativa, como já fiz em artigos anteriores sobre este tema, serão as médias mensais de popularidade, considerando as diferentes pesquisas publicadas em cada período. No governo Bolsonaro, cinco institutos conduziram 22 pesquisas diferentes entre janeiro e setembro de 2019. Agora, no governo Lula, vieram a público as mesmas 22 pesquisas, promovidas desta vez por dez institutos distintos, entre janeiro e setembro de 2023. O primeiro gráfico resume os números da avaliação positiva (“ótimo” + ”bom”) dos dois governos. Já o segundo gráfico contém os números da avaliação negativa (“ruim” + “péssimo”) das duas gestões. Como podemos constatar logo abaixo, o governo Lula tem apresentado taxas médias de avaliação positiva sistematicamente melhores do que as do governo Bolsonaro (exceto nos meses de janeiro e fevereiro). De março em diante, o “saldo” médio de avaliação positiva em favor do governo Lula tem sido de quase oito pontos percentuais. No segundo semestre, este saldo médio tem até superado os dez pontos. Em outras palavras, se a gestão Bolsonaro largou de um patamar de popularidade um pouco melhor do que a gestão Lula, ela, no entanto, não logrou sustentar tal vantagem por muito tempo. Ao longo desses nove primeiros meses, a avaliação positiva do governo Bolsonaro manteve um viés de baixa, enquanto a do governo Lula obedeceu a um viés de alta.     Uma dinâmica similar, porém de sentido oposto, é observada na variação das taxas de avaliação negativa. Em janeiro, no momento imediatamente posterior à posse, o governo Lula tinha o dobro da impopularidade do governo Bolsonaro. Mas essa vantagem já cai consideravelmente entre fevereiro e abril. A partir de maio, a gestão Bolsonaro se torna sistematicamente mais impopular. Na média dos últimos cinco meses, a avaliação negativa do governo Bolsonaro supera a do governo Lula em cerca de oito pontos percentuais. Na prática, portanto, os números de impopularidade das gestões Bolsonaro e Lula, em seus nove primeiros meses, seguiram, respectivamente, um viés de alta e um viés de baixa.     A comparação que procurei fazer nesse artigo não entra no mérito das possíveis causas de dinâmicas tão heterogêneas da opinião pública em períodos de tempo equivalentes. Trata-se somente de um exercício descritivo. Seja como for, estes números produzem também distintas consequências políticas esperadas. Mantidos constantes todos os demais fatores, governos melhor avaliados tendem, por exemplo, a atrair mais apoio político no Congresso do que governos cuja popularidade esteja em declínio.   Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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Super-ricos podem fugir dos investimentos que o governo quer tributar

Há vários alternativas isentas de Imposto de Renda, como debêntures incentivadas e certificados de recebíveis imobiliários e do agronegócio

  Roberto Macedo, economista e colaborador do Espaço Democrático Edição: Scriptum   A gestão das contas públicas no governo Lula vai seguir regras determinadas pelo chamado arcabouço fiscal, aprovado pelo Congresso. Esse arcabouço envolve várias regras e vamos nos concentrar nas metas fiscais anuais e num dos instrumentos para alcançá-las, a chamada tributação dos super-ricos. Elas dispõem que o governo pretende zerar o déficit primário (o que exclui os juros da dívida pública) em 2024, obter um superávit primário de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 e ampliar esse superávit para 1% em 2026. Para este ano, a previsão é de um déficit primário de 1% do PIB. O governo confia muito no aumento de receitas tributárias para alcançar esses resultados. Um dos instrumentos cogitados é a chamada tributação dos super-ricos, um pequeno grupo de investidores brasileiros, cerca de apenas 2,5 mil, mas que são ricos mesmo, pois acumulam em fundos exclusivos de uma só pessoa um patrimônio total enorme, estimado em R$ 756,8 bilhões, valor que responde por 12,3% da indústria de fundos do País, segundo a Agência Brasil. Conforme a mesma fonte, tais fundos exigem pelo menos R$ 10 milhões de entrada e taxa de manutenção de R$ 150 mil por ano, pagando Imposto de Renda (IR) apenas nos resgates e com uma tabela regressiva, ou seja, quanto maior o tempo de aplicação, menor o imposto. E mais: o governo pretende igualar esses fundos exclusivos aos fundos de investimento que têm cobrança semestral do IR, o chamado come-cotas, sendo que parte desse imposto é também antecipado. A previsão de arrecadação é de R$ 24 bilhões entre 2023 e 2026. Já é muito difícil fazer previsões para o futuro, pois as coisas mudam ao longo tempo. E não sei as premissas que sustentam essa previsão, mas espero que ela também tenha incluído alguma hipótese quanto a uma eventual fuga de investidores rumo a outros investimentos, pois há vários deles que são isentos de IR, como debêntures incentivadas e certificados de recebíveis imobiliários e do agronegócio. Será muito interessante acompanhar o cumprimento das referidas metas para o déficit primário até o final do mandato do atual governo. Se o governo cumpri-las, terá um ganho político e financeiro enorme, pois o status de suas contas ganhará prestígio aqui e no exterior. Se não, o inverso ocorrerá. Personagem importante nesse contexto é Fernando Haddad, o ministro da Fazenda. Foi ele quem liderou o processo de criação das referidas metas e é o principal responsável pela sua execução. Ao final desse processo ficará marcado como herói ou culpado pelo seu resultado.   Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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