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{ ARTIGO }

12 perturbações da guerra na Ucrânia

Economista Roberto Macedo escreve sobre como o mundo estrá mudando com a guerra na Ucrânia, estudo da consultoria internacional McKinsey

Roberto Macedo, economista e colaborador do Espaço Democrático

 

Edição: Scriptum

 

Um estudo da consultoria internacional McKinsey abordou 12 perturbações da guerra na Ucrânia que estão mudando o mundo, com consequências que provavelmente se estenderão além da crise imediata causada pela guerra. A seguir vou apresentá-las resumidamente, em tradução livre, com alguns adendos próprios.

1. As populações vulneráveis sofrem mais com os preços mais elevados de alimentos e energia.

2. Os impactos humanitários são fortes. Até aqui, 5,6 milhões de refugiados deixaram o país e outros 7,7 milhões saíram de suas residências e buscaram refúgio noutras áreas da Ucrânia. No conjunto, cerca de 30% dos ucranianos deixaram seus lares.

3. A política energética está se direcionando para acessos seguros e diversificação de fontes. A Rússia era grande exportadora de carvão, petróleo, óleo combustível e particularmente gás natural, que em 2021 provia cerca de 36% do que a Europa consumia. Ela passou a cortar exportações para alguns países, e outros, como os EUA, buscaram opções em outras nações, em particular no caso do petróleo.

4. Segurança alimentar está na agenda. Rússia e Ucrânia produzem cerca de um terço das exportações mundiais de amônia e potássio usados em fertilizantes e 30% das exportações globais de trigo e centeio. O Brasil é um dos grandes importadores dos ingredientes de fertilizantes.

5. A corrida por importantes materiais, equipamentos e commodities se intensifica, aumentando seus preços. Os dois países são também importantes na exportação de aço, níquel e paládio, que são críticos para muitas indústrias, como é o caso da automobilística.

6. Chegou uma nova era da administração da cadeia de suprimentos. Seus administradores já vinham passando por dificuldades (tensões comerciais, covid-19, lockdowns ou fechamento de comunidades produtoras na China e fechamento do canal de Suez). Com isso, eles mudaram seu foco do just in time para o just in case, ou seja, do fornecimento de matérias primas e componentes programado no tempo para o “caso ocorra” alguma dificuldade.

7. Padrões de tecnologia global provavelmente se tornarão separados, com os países limitando o acesso de suas populações a esses padrões e buscando outros mais próximos ou locais.

8. Grandes corporações estão tomando posições na guerra. Das 500 maiores companhias listadas pela revista Fortune, 281 estavam presentes na Rússia antes da guerra e 70% delas ou deixaram o país ou lá reduziram sua escala de produção.

9. Impactos financeiros são imprevisíveis. Desse conjunto como um todo, sim, mas ressalto, contudo, um efeito previsível, pois várias das questões acima apontam para aumentos de preços que agravaram a inflação, também influenciada por outras causas, e contribuíram para que os bancos centrais adotassem políticas restritivas, como no Brasil.

10. Gastos de defesa estão aumentando. 15 países da OTAN e a Suécia anunciaram aumentos de seus gastos de defesa ao ajudar a Ucrânia. E ao reforçar suas próprias defesas, na minha opinião.

11. Ataques cibernéticos estão aumentando, causando problemas globais. A guerra contribuiu para isso, como no caso da suspensão de serviços internet em vários pontos da Europa. E acrescento: a Rússia tem tradição nessa área.

12. Volatilidade, volatilidade, volatilidade. O estudo aponta pesquisas afirmando que durante as guerras a volatilidade econômica costuma diminuir, em particular porque os maiores gastos em defesa tornam as previsões de lucros empresariais mais estáveis. Contudo, esse caso da guerra na Ucrânia é diferente por causa de seus efeitos nas fontes de energia e seus preços que podem produzir dramáticos efeitos na economia global.

 

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.


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