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{ ARTIGO }

A partida dos campeões

Luiz Alberto Machado escreve sobre dos ícones que o Brasil perdeu em apenas dois dias: Wlamir Marques e Cláudio Lembo

Luiz Alberto Machado, economista e colaborador do Espaço Democrático

Edição Scriptum

 

Em dezembro, gravei um podcast para o Espaço Democrático homenageando uma das maiores lendas do basquete brasileiro, Amaury Pasos, falecido no dia 12 daquele mês. Na ocasião, lembrei que Amaury fez parte da geração mais vitoriosa do nosso basquete, conquistando o bicampeonato mundial em 1959 (em Santiago do Chile) e 1963 (no Rio de Janeiro), além de duas medalhas de bronze nas Olimpíadas de 1960 (em Roma) e 1964 (em Tóquio).

No dia 22 de fevereiro, foram inaugurados os bustos de Rosa Branca e Ubiratan no ginásio do Corinthians. Como já existiam lá os bustos de Amaury e do próprio Wlamir Marques, que aliás dá nome ao referido ginásio, completava-se o quarteto que fez parte de um dos maiores times da história do nosso basquete.

Wlamir, o remanescente desse fantástico quarteto, faleceu no dia 18 de março, aos 87 anos, indo se juntar aos seus companheiros e outros heróis daquela geração que projetou o nome do nosso basquete, alçando-o à condição de uma das forças da modalidade em todo o mundo.

Wlamir foi velado no dia 19, no ginásio que leva o seu nome. Foi lá que aprendi muito com esse excepcional jogador, vendo-o em ação no esplendor de sua forma física e técnica, atuando pelo Corinthians em incontáveis jogos contra o Sírio, onde eu jogava nas categorias menores, e que contava, em suas fileiras com jogadores como Mosquito, Menon, Sucar, Radvilas e Dodi, muitos deles companheiros dos já mencionados corintianos em seleções paulistas e brasileiras.

Conhecido como Diabo Loiro, Wlamir reunia tudo que se espera de um verdadeiro craque. Combinava habilidade e velocidade a uma técnica invejável, o que tornava praticamente impossível detê-lo em seus precisos arremessos e inesquecíveis infiltrações. Não é sem razão, por tudo isso, que além de seus inúmeros títulos e conquistas, faz parte do hall da fama da FIBA, a Federação Internacional de Basquete.

Embora seja de uma geração posterior à de Wlamir, cheguei a jogar algumas vezes contra ele, nos anos finais de sua carreira. Lembro-me de uma oportunidade em que, jogando pelo Paulistano contra a Portuguesa, onde ele atuou por pouco tempo depois de deixar o Corinthians, fui tentar dar um passe com ele na minha marcação e, apesar da idade avançada, ele deu um salto, segurou a bola numa demonstração de capacidade física e apurado sentido de tempo, e saiu batendo bola para iniciar o contra-ataque do seu time. Eu, que já tinha aprendido tanto com ele assistindo a suas exibições pelo Corinthians e pela Seleção Brasileira, tive a chance de aprender mais uma lição com o grande campeão.

Algum tempo depois, já como comentarista de televisão, recebi um elogio de Wlamir num jogo do Paulistano contra o Sírio, transmitido pela TV Gazeta. Ao entrar no referido jogo, Wlamir se referiu a mim como um jogador extremamente hábil e rápido. Um elogio que não dá para esquecer.

No dia 19 de março, recebi a notícia do falecimento, aos 90 anos, do professor Claudio Lembo, ex-governador de São Paulo e ex-reitor da Universidade Mackenzie, além de ser um dos fundadores do PSD, a cuja fundação de estudos e de formação política, o Espaço Democrático, sirvo como consultor.

Tive inúmeras oportunidades de conviver com Claudio Lembo e em todas elas pude aprender muito com sua experiência, sua sabedoria, seu senso de justiça e sua capacidade de encontrar as soluções mais adequadas para situações complexas.

Duas passagens me vêm à memória no momento de se despedir desse grande homem público. A primeira, quando fomos juntos a Blumenau, para abrir uma turma do curso de pós-graduação Gerente de Cidade, por muitos anos oferecido pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). Na referida ocasião, o professor Lembo faria a palestra de abertura e eu daria a aula inaugural da disciplina Criatividade. Já como ex-governador de São Paulo, ele proferiu uma palestra que prendeu totalmente a atenção dos presentes, revelando experiências concretas na condução do maior Estado do País, algumas delas em momentos de crise, envolvendo questões de segurança, das quais possuía enorme conhecimento proveniente de sua trajetória de professor de Direito e ex-secretário de Assuntos Jurídicos da Prefeitura de São Paulo, na gestão de Gilberto Kassab.

A segunda ocorreu quando ele reuniu-se com Victor Mirshawka, diretor-cultural da FAAP, propondo a realização de um seminário comemorativo ao centenário do movimento sindical brasileiro, que seria promovido pela União Geral dos Trabalhadores (UGT), presidida por Ricardo Patah, coordenador do PSD Movimentos. Consultado pelo professor Victor Mirshawka, apoiei imediatamente a realização do evento por ver no mesmo uma oportunidade de estreitamento das relações da FAAP com o movimento sindical, além de uma chance de seus alunos conhecerem uma realidade diferente das que costumavam vivenciar, bem como a história de ícones do nosso sindicalismo, entre os quais, José Ibrahim, que dá nome à sala do PSD Movimentos. O seminário foi coroado de êxito, justificando plenamente o acerto da sugestão do professor Claudio Lembo.

Ao despedir-me deles, fica a certeza de que cumpriram exemplarmente suas missões: Wlamir, como verdadeiro campeão das quadras; e Lembo, como autêntico campeão da liberdade e da justiça.

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.


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