Roberto Macedo, economista e colaborador do Espaço Democrático
Edição Scriptum
Um artigo do economista Raul Velloso no site do jornal O Dia, edição do dia 7 de junho, apresentou novos dados sobre o assunto. Ele é um dos economistas que mais escreve sobre o gargalo da Previdência Social, problema fiscal mais importante do governo. No que se segue, vou citar parte do artigo e concluir com observações próprias.
Segundo ele, analistas da Consultoria de Orçamento da Câmara e do Senado já haviam dito que faltariam mais de R$ 20 bilhões para fechar as contas previdenciárias dentro do projeto de lei orçamentária. E, recentemente, essa mesma consultoria já aumentou essa estimativa para R$ 25 bilhões. “Ou seja, a Previdência é o grande problema.” E mais: “Assim, quando se fala, como agora, em contingenciamento de mais de R$ 30 bilhões, a maior parte disso é para lidar com a subestimativa da despesa da Previdência, algo de que há muito se tem conhecimento, embora sem a devida atenção, ao tempo em que faltam medidas efetivas para contê-la. É fato que a Consultoria do Orçamento já apurou, para agora, a necessidade de mais de R$ 30 bilhões em medidas para esse fim, e para o próximo ano, mais de $ 50 bilhões.”
“… Ou seja, tem-se uma situação crítica que por ser cheia de equívocos e consequências indesejáveis dentro da área da Previdência e que, por consequência disso, acabou …, em síntese, (criando) o problema financeiro que o ministro Haddad tem pela frente (…), gigantesco, e tem muito a ver não apenas com a questão previdenciária como, em adição, com a assistencial”, tema que Velloso não detalhou nesse artigo.
Velloso também aborda uma questão em que tenho insistido muito nos meus artigos, a de que a forte expansão dos gastos previdenciários e assistenciais prejudicou muito a indispensável expansão dos investimentos públicos em infraestrutura e, assim, o crescimento econômico do País, assunto quase nada discutido pela classe política.
Internacionalmente, sistemas previdenciários passam por crises, por conta do envelhecimento da população. Seguem-se reformas que, entre outros aspectos, costumam elevar a idade de aposentadoria. Aqui já estamos numa dessas crises, mas não vem reformas previdenciárias porque temos um presidente populista que é avesso a elas, só pensando em sua reeleição. A última reforma foi no governo Michel Temer e o envelhecimento da população tem sido muito rápido. A esperança é que em 2027 o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ou outro que o substitua, resolva encarar o problema.
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