Roberto Macedo, economista e colaborador do Espaço Democrático
Edição Scriptum
As bets têm chegado às manchetes e editoriais de jornais em face dos problemas que vêm apresentando. Começando com uma reportagem (Estadão de 22 de setembro) ela teve este título: “Inadimplência por apostas afeta 1,3 milhão no País”. No seu início é dito que os apostadores têm usado cartão de crédito para pagar suas apostas, o que contribui para o aumento de suas contas em atraso. Logo pensei em propor que fosse vedado esse uso do cartão de crédito para apostas esportivas, e já no final da reportagem é dito que “uma das dez portarias editadas pelo governo federal este ano proíbe o uso de cartões de crédito para o pagamento de apostas esportivas eletrônicas, regra que entrará em vigor apenas em 2025”. Vamos ver se vai entrar mesmo e se vai funcionar.
Num editorial do mesmo jornal, no dia seguinte, intitulado “Descobriram que as ‘bets’ são um problema”, o texto mostra uma declaração do senador Omar Aziz (PSD-AM), segundo quem esses sites têm levado famílias “… à ruina financeira, ao endividamento e, em muitos casos, ao suicídio, com alarmantes índices de desespero e falência pessoal”. O jornal cobrou que as bets sofram as mais duras restrições, seja em publicidade, seja na proteção da saúde dos apostadores e que haja a fiscalização firme para combater as irregularidades.
Entidades do comércio vêm também apontando que as apostas absorvem recursos antes destinados à compra de bens e serviços, prejudicando assim a agricultura, a indústria, o comércio e os serviços, mas ainda não está muito claro em que magnitude.
O problema das bets que considero mais estranho, ou mesmo um absurdo, veio no site terra.com.br, na sua divisão de educação, onde é dito que “Brasileiros estão trocando a graduação para gastar com apostas on-line. Pesquisa revelou que 35% dos brasileiros adiaram o início da graduação em 2024 devido a gastos com apostas on-line”. Se isto for verdadeiro, estamos diante de uma situação que revela o baixíssimo nível cultural de parte da população brasileira e será preciso uma campanha forte nas mídias brasileiras para esclarecê-la do erro que estão incorrendo, o de jogar dinheiro onde a perda é mais provável, em prejuízo de um avanço educacional que poderia trazer retornos palpáveis e de valor considerável. O material também foi reproduzido pela ABMES (Associação Brasileira das Mantenedoras de Instituições de Ensino Superior).
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