Rubens Figueiredo, cientista político e colaborador do Espaço Democrático
Edição Scriptum
O incumbente pode ser definido como o titular de um cargo que tem capacidade legal de disputar a reeleição. No caso das eleições dos Estados Unidos, por exemplo, com a renúncia à candidatura do democrata Joe Biden, por enquanto atual presidente, não haverá a figura do incumbente.
Teremos no Brasil, neste ano, a eleição para prefeitos e vereadores. É um processo de escolha gigantesco pela quantidade de concorrentes e pulverização geográfica. Segundo o TSE, informação citada no site www.poder360.com.br, estarão em disputa “aproximadamente” 58.114 cadeiras para as câmaras municipais, o que dá a média de 10,6 vagas por município. E 5.569 cidades elegerão seus prefeitos, sendo que em 103 delas há a possibilidade de segundo turno.
O prefeito que disputa a eleição exercendo o mandato tem uma série de vantagens. Primeira, obviamente, é a visibilidade, o “recall” e a presença no dia a dia da cidade. Quanto melhor a administração, mais esses fatores pesarão a seu favor. Em cidades menores, é normal que a administração tenha a boa vontade dos meios de comunicação tradicionais, que recebem dinheiro público a título de publicidade e tendem a estar próximas do status quo.
Outra vantagem diz respeito ao grupo político que cerca o prefeito, normalmente mais amplo e coeso, capaz de manejar melhor a máquina pública. Esse grupo tem intenso contato com a população e está mais familiarizado com os problemas do dia a dia do eleitor. Essa estrutura faz uma grande diferença quando a campanha vai para as ruas.
O prefeito em exercício também tem uma visão mais elaborada das lideranças da cidade e conta com mais recursos para atraí-las com cargos e favores. As coalizões partidárias situacionistas normalmente são mais amplas, o que confere ao incumbente um maior tempo nos programas eleitorais gratuitos de rádio e televisão, que continuam tendo sua importância e alcance, apesar da disseminação das redes sociais.
A parte legal do financiamento das campanhas é feito através do Fundo Eleitoral. É natural que o candidato que já está no cargo tenha ascendência aos canais decisores do partido, saindo em vantagem e tendo mais força do que seus adversários no que tange à divisão de recursos. É bom lembrar, finalmente, que as obras e projetos mais vistosos são apresentados no último ano da administração, criando um clima de opinião favorável à continuidade.
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