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{ ARTIGO }

Comparando a popularidade dos governos Lula e Bolsonaro

O governo Lula tem apresentado taxas médias de avaliação positiva sistematicamente melhores do que as do governo anterior, escreve Rogério Schmitt

 

 

Rogério Schmitt, cientista político e colaborador do Espaço Democrático

Edição: Scriptum

 

O objetivo deste artigo é comparar a variação dos índices de popularidade, nas pesquisas de opinião pública, dos governos Lula e Bolsonaro nos seus respectivos nove primeiros meses (ou seja, entre janeiro e setembro). Como veremos, estamos diante de duas dinâmicas muito distintas do ponto de vista político.

A minha régua comparativa, como já fiz em artigos anteriores sobre este tema, serão as médias mensais de popularidade, considerando as diferentes pesquisas publicadas em cada período. No governo Bolsonaro, cinco institutos conduziram 22 pesquisas diferentes entre janeiro e setembro de 2019. Agora, no governo Lula, vieram a público as mesmas 22 pesquisas, promovidas desta vez por dez institutos distintos, entre janeiro e setembro de 2023.

O primeiro gráfico resume os números da avaliação positiva (“ótimo” + ”bom”) dos dois governos. Já o segundo gráfico contém os números da avaliação negativa (“ruim” + “péssimo”) das duas gestões.

Como podemos constatar logo abaixo, o governo Lula tem apresentado taxas médias de avaliação positiva sistematicamente melhores do que as do governo Bolsonaro (exceto nos meses de janeiro e fevereiro). De março em diante, o “saldo” médio de avaliação positiva em favor do governo Lula tem sido de quase oito pontos percentuais. No segundo semestre, este saldo médio tem até superado os dez pontos.

Em outras palavras, se a gestão Bolsonaro largou de um patamar de popularidade um pouco melhor do que a gestão Lula, ela, no entanto, não logrou sustentar tal vantagem por muito tempo. Ao longo desses nove primeiros meses, a avaliação positiva do governo Bolsonaro manteve um viés de baixa, enquanto a do governo Lula obedeceu a um viés de alta.

 

 

Uma dinâmica similar, porém de sentido oposto, é observada na variação das taxas de avaliação negativa. Em janeiro, no momento imediatamente posterior à posse, o governo Lula tinha o dobro da impopularidade do governo Bolsonaro. Mas essa vantagem já cai consideravelmente entre fevereiro e abril. A partir de maio, a gestão Bolsonaro se torna sistematicamente mais impopular. Na média dos últimos cinco meses, a avaliação negativa do governo Bolsonaro supera a do governo Lula em cerca de oito pontos percentuais.

Na prática, portanto, os números de impopularidade das gestões Bolsonaro e Lula, em seus nove primeiros meses, seguiram, respectivamente, um viés de alta e um viés de baixa.

 

 

A comparação que procurei fazer nesse artigo não entra no mérito das possíveis causas de dinâmicas tão heterogêneas da opinião pública em períodos de tempo equivalentes. Trata-se somente de um exercício descritivo. Seja como for, estes números produzem também distintas consequências políticas esperadas. Mantidos constantes todos os demais fatores, governos melhor avaliados tendem, por exemplo, a atrair mais apoio político no Congresso do que governos cuja popularidade esteja em declínio.

 

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.


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