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{ ARTIGO }

Custo de dívidas sobre a renda é maior para as mulheres

O economista Roberto Macedo escreve sobre um outro tipo de desigualdade entre homens e mulheres. E tenta entender suas causas

Roberto Macedo, economista e consultor da Fundação Espaço Democrático

Edição: Scriptum

 

As desigualdades de gênero apresentam vários aspectos que desfavorecem as mulheres. Entre as mais conhecidas estão as dos salários menores das mulheres e sua menor participação em posições de chefia nas empresas e outras organizações. As mulheres têm mais anos de educação que os homens, mas usualmente frequentam cursos que levam a menor remuneração do mercado de trabalho, como os de magistério. A participação das mulheres no magistério do ensino básico é maior, e aí a remuneração é mais baixa. Em cursos como engenharia, que levam a remunerações maiores, a presença das mulheres é menor.

Nunca havia visto a desigualdade exposta pelo título acima, mas ela veio num estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, que tem CNC como sigla. Esse estudo foi objeto de reportagem da Folha de S. Paulo no dia 25 de março último.

A análise, realizada pela Pesquisa de Inadimplência e Endividamento da mesma entidade, mostrou que em janeiro de 2024, 30,5% da renda mensal das mulheres era destinada a pagar dívidas, o maior valor desde maio de 2021 quando a série foi iniciada. No caso dos homens, essa parcela foi de 30,3%. A diferença é bem pequena, mas os homens ganham mais do que as mulheres.

Segundo a mesma reportagem, dados do ano passado, levantados pelo IBGE, revelam que os homens, em média, ganham 22% a mais que as mulheres. Ou seja, estão em melhores condições de suportar o ônus das dívidas. A natureza delas é diferente entre homens e mulheres. Estas têm mais dívidas de cartões de crédito e carnês de lojas, enquanto os homens são mais propensos a dívidas de financiamento de carros, de casa e crédito pessoal. Um palpite meu é que por essa razão as dívidas das mulheres seriam mais caras do que as dos homens, mas isso merece pesquisa específica.

Entre as razões do endividamento, as mulheres têm questões bem típicas de seu gênero. A reportagem aponta que o cuidado consigo mesma pressiona o orçamento e as dívidas. Uma entrevistada disse: “… a gente tem sempre que estar com unha feita, com cabelo em dia, com uma roupa legal.”

O divórcio é outro aspecto que pode prejudicar as mulheres, pois as questões financeiras envolvidas costumam deixar a mulher em pior situação. E o divórcio vem aumentando.

Segundo outro estudo mencionado na mesma reportagem, “… é a área financeira … que mais gera impacto na saúde mental das brasileiras … são as negras as mais afetadas. … O aumento de mulheres chefiando lares também é uma das causas desse endividamento.”

Ou seja, são muitos fatores atuantes na desigualdade financeira. Vou concluir com uma notícia boa sobre as mulheres, que veio no Estadão do dia 8 deste mês: “Mulheres são quase 50% dos médicos no Brasil e devem se tornar maioria”. Em janeiro de 2024 a proporção já estava em 49,92%. E sabe-se que desde 2009 já lideram entre egressos dos cursos de medicina.

 

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.


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