Edição Scriptum
Roberto Macedo, economista e colaborador do Espaço Democrático
Escrevo no sábado (9) e durante a semana anterior fiquei aguardando o prometido anúncio de um pacote de medidas fiscais do governo federal, mas novamente não veio. Dentro do governo, várias reuniões foram realizadas, incluindo o presidente Lula, ministros e outros, também na quinta-feira e na sexta-feira. Soube que alguns ministros, com destaque para o do Trabalho, Luiz Marinho, têm se posicionado contra as medidas propostas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad para compor esse pacote. É uma novela ainda por terminar.
Esse pacote está no contexto de uma economia que aponta uma atividade aquecida, inflação e taxa de câmbio em alta. Na sexta-feira, segundo jornais do sábado, veio a notícia que o IPCA (Índice Preços ao Consumidor – Amplo), o índice em que foca a política monetária, chegou a 0,56% no mês passado (outubro), com a taxa em 12 meses chegando em outubro crescendo a 4,76%. Superior, portanto, à meta do Banco Central (BC), que é de 3% ao ano, com margens de 1,5% para baixo ou para cima. E mais: segundo o Estadão, “nos alimentos, o índice de difusão, como é chamado tecnicamente, passou de 59%, em setembro, para 67% em outubro”, o que indica uma inflação mais diluída. “Nos demais itens, passou de 55% para 57% no mesmo período.”
Sobre efeitos, vale lembrar que quando Haddad de fato apontou que o pacote iria sair, a Bolsa subiu e o câmbio caiu. Se o pacote não acontecer mesmo, um movimento no sentido contrário deve acontecer.
Nesse cenário, a maioria dos economistas entende que a parte fiscal continua carecendo da atenção devida, mas o presidente Lula nunca foi chegado à contenção de gastos. Andou dizendo que vai mudar de opinião, mas vamos ver. O certo é que tais gastos alimentam a demanda, pressionam preços e, o que é mais grave, expandem o déficit público nominal e a dívida pública, que já atingiu um ponto em que o mercado financeiro vem enfatizando cada mais os seus riscos.
Mais recentemente, o governo Lula falou numa ampliação do auxílio-gás a um custo perto de R$15 bilhões a partir de 2025, obviamente pensando nos votos de 2026. Parou de falar, mas vamos ver o que vem no pacote e pela frente. Acredito que algum corte virá, pois confio no que disse o ministro Haddad, que afirmou isso. Quando sair o pacote, voltarei ao assunto.
Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.