Roberto Macedo, economista e colaborador do Espaço Democrático
Edição Scriptum
O tarifaço melhorou as finanças do governo Trump. Essa percepção veio num artigo do colunista Andrew Duehren, do New York Times, reproduzido na primeira página do suplemento de Economia e Negócios do jornal O Estado de S.Paulo do dia 3 de agosto.
Ele constata que “… Mesmo de antes de a maior parte das tarifas entrar em vigor a receita já disparou. Entre janeiro e julho as tarifas aduaneiras, ao lado de alguns impostos sobre consumo, geraram US$ 152 bilhões, quase o dobro dos US$ 78 bilhões do mesmo período do ano passado, conforme dados do Tesouro Americano”. Note-se que cada bilhão de dólares é muito dinheiro, mais de R$ 5 bilhões. E mais: “A nova fonte de receita tem serventia para uma nação altamente endividada. Por isso, os formuladores de políticas americanos podem começar a depender desse dinheiro.” O que é má notícia para o Brasil.
O artigo também apresenta estimativas de que o tarifaço gere mais de US$ 10 trilhões (!) de receita nos próximos 10 anos (!), mas creio que ainda é prematuro especular quanto a isso. E há problemas de dados. Os do primeiro semestre do ano atual (mais os do mês de julho), citados pelo autor, foram muito influenciados por antecipação de maiores importações antes que a nova versão do tarifaço entrasse em vigor. Ademais, Trump age muitas vezes optando por reviravoltas e nos próximos 10 anos virão até novos presidentes.
De nossa parte, acho que cabe negociar com o governo Trump uma redução adicional de nossas tarifas. Por que o Brasil é o mais tributado no tarifaço? Isso quando os EUA têm até superávit comercial com o Brasil. E as negociações até aqui já demonstraram que empresários americanos que importam do Brasil estão também do nosso lado.
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