Pesquisar

tempo de leitura: 2 min salvar no browser

{ ARTIGO }

Ganho salarial do ensino superior cai, mas ainda é alto

Economista Roberto Macedo analisa os dados da pesquisa IBRE-FGV: trabalhadores com 16 ou mais anos de estudo ganham em média 152% a mais que aqueles com 12 a 15 anos

Roberto Macedo, economista e colaborador do Espaço Democrático

Edição Scriptum

 

A constatação é de um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE-FGV), antecipado ao jornal Valor do dia 1º de outubro: quem tem ensino superior consegue melhores salários, embora eles tenham caído. Assim, textualmente, “no segundo trimestre de 2012, os trabalhadores com 16 ou mais anos de estudo (o equivalente ao superior completo ou além), ganhavam em média 152% a mais que os trabalhadores com 12 a 15 anos de estudo (médio completo ou superior incompleto), o grupo escolar imediatamente inferior.” Esse diferencial caiu para 126% no segundo trimestre de 2024, ou seja, 12 anos depois.

Alguns fatores atuaram nesse processo. O primeiro foi que o número de graduados com ensino superior aumentou bastante nesse período. A reportagem cita que o número de matriculados em cursos de graduação subiu de 1,4 milhão, em 1980, para 9,4 milhões, em 2022. E diz que só entre 2000 e 2022 o aumento foi de 250%. No período analisado pelo IBRE-FGV esse aumento foi de 22%. Um segundo fator foi o aumento da informalidade, que para quem tem 16 anos ou mais aumentou de 14%, no final de 2015, para 19,3% no segundo trimestre de 2024. Em geral, as remunerações no mercado informal são menores. O estudo também conclui que o grupo daqueles com ensino superior completo ou mais tem a menor taxa de informalidade entre todos os níveis de escolaridade. E que houve um aumento no mercado de trabalho do número de graduados oriundos de faculdades de qualidade inferior.

Agora, algumas observações minhas. Lembro-me de um estudo que mostrava que a remuneração ligada à educação cresce desde o ensino básico, a partir do primeiro ciclo do fundamental. A remuneração dos formados nos cursos superiores é muito diferente entre as várias profissões. Um estudo de 2023, do mesmo FGV-IBRE, envolveu 16 profissões, cujas remunerações mensais variaram de R$ 18.475, entre médicos especialistas, até R$ 7.005, entre analistas de sistemas. Sei também que filósofos estão entre os ainda mais mal remunerados, entre outras razões porque muitos trabalham como professores do ensino básico, e também porque os filósofos usualmente não têm espaço como profissionais liberais. As faculdades privadas usualmente não oferecem o curso de filosofia, e creio que é porque não atraem alunos pagantes. Mas certo mesmo é que continua valendo muito a pena fazer um curso superior.

 

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.


ˇ

Atenção!

Esta versão de navegador foi descontinuada e por isso não oferece suporte a todas as funcionalidades deste site.

Nós recomendamos a utilização dos navegadores Google Chrome, Mozilla Firefox ou Microsoft Edge.

Agradecemos a sua compreensão!