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{ ARTIGO }

Maior gasto e pior resultado: a saúde nos EUA

País têm o maior gasto em saúde entre os países desenvolvidos, 16,5% do PIB em 2023, mas foi o último colocado na avaliação da Fundação Commonwealth

Januario Montone, gestor de saúde pública e colaborador do Espaço Democrático

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É a conclusão do relatório Mirror, Mirror 2024: A Portrait of the Failing U.S. Health System, publicado pelo think tank americano Fundação Commonwealth. Um retrato contundente das falhas do sistema de saúde norte-americano. Esse estudo comparou dez países de alta renda em 70 indicadores de saúde, distribuídos em cinco áreas de avaliação: acesso ao atendimento, processo de atendimento, eficiência administrativa, equidade e resultados de saúde.

Além dos EUA, foram avaliados outros nove países de alta renda: Austrália, Canadá, França, Alemanha, Países Baixos, Nova Zelândia, Suécia, Suíça e Reino Unido.

Os Estados Unidos têm o maior gasto em saúde entre os países desenvolvidos, 16,5% (2023) do PIB, mas foi o último colocado nesta avaliação. A Austrália, com seus 9,8% de gasto em saúde, ficou em primeiro lugar, seguida pela Holanda (10,1%) e o Reino Unido (10,9%).

O relatório destaca que “os três principais países são Austrália, Holanda e Reino Unido, embora as diferenças no desempenho geral entre a maioria dos países sejam relativamente pequenas. O único caso claramente discrepante são os EUA, onde o desempenho do sistema de saúde é drasticamente inferior… ao contrário dos EUA, todos encontraram uma maneira de atender às necessidades mais básicas de saúde de seus residentes, incluindo a cobertura universal.”

A expectativa de vida nos EUA está mais de quatro anos abaixo da média dos dez países. O país tem a maior taxa de mortes evitáveis. Mais de 25 milhões de norte-americanos continuam sem seguro saúde. O país também ficou em último lugar quanto à equidade.

Além disso, estima-se que cerca de 100 milhões de norte-americanos enfrentam a dura realidade de dívidas relacionadas ao atendimento em saúde que atingem mais de U$ 220 bilhões, segundo as estimativas correntes.

E qual é umas das principais marcas dos sistemas de saúde da Austrália, Holanda e Reino Unido, os países com melhor avaliação? Uma sólida estrutura de sua Atenção Primária à Saúde, que atua como organizadora dos cuidados em saúde.

Daí que uma das principais recomendações do relatório é a de “construir um sistema de atenção primária robusto”.

No Brasil, já contamos, em tese, com uma estrutura “robusta” de Atenção Primária à Saúde, com 42 mil Unidades Básicas de Saúde, mais de 400 mil Agentes Comunitários de Saúde e milhares de outros profissionais de saúde, porém, a fragmentação no cuidado coloca a APS na periferia do sistema e não como seu organizador.

Ainda trabalhamos, o Brasil e o mundo, com sistemas hierárquicos, com níveis de atenção – Primário, Secundário (especializado) e Terciário (hospitalar) – que não interagem, não se integram e transformam a vida do usuário numa via crucis, muitas vezes com resultados trágicos.

Como nos diz Eugênio Vilaça Mendes, “estamos tentando resolver os problemas de saúde do século XXI com modelos organizacionais do século XX”.

Temos, talvez, uma nova chance de transformar esse cenário com as ferramentas de telessaúde e inteligência artificial. Será que vamos perder mais essa oportunidade?


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