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{ ARTIGO }

O 7 se Setembro não fez diferença, e eu posso provar

Para o cientista político Rogério Schmitt, pelo menos até o momento as manifestações não moveram em nada o ponteiro das preferências da opinião pública

Rogério Schmitt, cientista político e colaborador do Espaço Democrático

Edição: Scriptum

As concorridas manifestações populares do último feriado de 7 de setembro (Bicentenário da Independência), promovidas em várias cidades brasileiras em apoio à reeleição de Jair Bolsonaro, não tiveram impacto algum sobre os números do presidente nas pesquisas de intenção de voto.

Segundo os relatos da imprensa, as manifestações com maior número de participantes ocorreram em Brasília (na Esplanada dos Ministérios), no Rio de Janeiro (na avenida Atlântica) e em São Paulo (na avenida Paulista). O próprio Bolsonaro esteve presente nas duas primeiras.

A Polícia Militar de São Paulo estimou em 50 mil o número de manifestantes na avenida Paulista. E o site Poder360 estimou em 111 mil pessoas o público presente na avenida Atlântica, e de cerca de 100 a 115 mil pessoas em Brasília.

Por sua vez, as estimativas feitas pela campanha de Jair Bolsonaro falam em públicos ao redor de 1 milhão de pessoas em cada local. Na narrativa oficial, o 7 de Setembro teria sido o “Datapovo”, indicando – melhor do que qualquer pesquisa – o real apoio à reeleição do presidente.

Não entrarei aqui no mérito do cansativo debate sobre qual contagem de manifestantes se aproximou melhor da realidade. A única pergunta relevante do ponto de vista analítico é se as comemorações do bicentenário da Independência foram ou não um divisor de águas na corrida eleitoral que definirá o próximo inquilino do Palácio do Planalto.

Felizmente, esta é uma dúvida que pode ser testada empiricamente! Basta olharmos para as pesquisas nacionais de opinião pública. Assim, nos afastamos, com segurança, daquela zona superficial dos palpites e da “achologia”.

Na primeira semana de setembro, antes do dia 7, vieram a público sete pesquisas nacionais de intenção de voto para presidente. Na média de todas elas, o ex-presidente Lula aparecia com 43,2% das intenções de voto, contra 34,2% do presidente Bolsonaro.

Desde então, até o 13 de setembro (o dia em que escrevo estas linhas), foram divulgadas outras cinco pesquisas nacionais, que estiveram em campo após as manifestações. Aqui, Lula aparece com 43,1% dos votos, contra 34,5% de Bolsonaro.

As diferenças estão somente nas casas decimais! Em outras palavras, pelo menos até o momento, as manifestações populares pró-Bolsonaro não moveram em nada o ponteiro das preferências da opinião pública brasileira como um todo. É como se o 7 de Setembro não tenha sido sequer um fato digno de registro quando, futuramente, a história desta campanha eleitoral for escrita pelos historiadores.


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