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{ ARTIGO }

O desmatamento na Mata Atlântica

Economista Roberto Macedo critica a tentativa de flexibilizar as regras que proíbem o desmatamento da Mata Atlântica

Roberto Macedo, economista e colaborador do Espaço Democrático

Edição: Scriptum

 

Quando se fala em desmatamento, no Brasil, usualmente a atenção é voltada para a região amazônica. Em 2020, o Pantanal mato-grossense também passou ao noticiário sobre o assunto em razão dos muitos incêndios que lá ocorreram e levaram a um grande desmatamento.

Acompanhando notícias sobre o dano à natureza, também soube e mostrei, em 2021, num podcast neste espaço, que desse dano não escapou nem a caatinga, um bioma tipicamente brasileiro, que se estende por nove Estados nordestinos e o Norte de Minas Gerais, constituídos por terras pouco férteis e mal servidas pelas chuvas. A caatinga mostra árvores baixas e com galhos retorcidos, como a gente aqui do Sudeste percebe vendo filmes sobre o cangaço, que costumava atuar na região. No podcast, fiz referência a um estudo realizado por pesquisadores das universidades federais do Rio Grande do Norte (UFRN), do ABC (UFABC) e USP, mostrando que 50% da área da caatinga já foi desmatada e que 13% da mesma área se encontra em processo avançado de desertificação.

Recentemente, mais uma má notícia sobre o desmatamento veio, desta vez no jornal Valor (edição de 25 de maio), com uma reportagem alcançando outro bioma, intitulada Na Mata Atlântica, um Parque Ibirapuera é desmatado a cada três dias. Conforme a mesma reportagem, fonte das informações que se seguem sobre esse assunto, nessa região moram 70% dos brasileiros. Ela reponde por 80% da economia do País. E é dito que mais de 20 mil hectares vieram ao chão entre os meses de outubro de 2021 e 2022, o que corresponde a um Parque Ibirapuera a cada três dias. Também é dito que esse desmatamento mostra estabilidade, mas num patamar mais alto do que no passado. E mais: “… 73% da perda de floresta ocorre em terras privadas, dando lugar a pastos e culturas agrícolas. No litoral e perto das grandes cidades, o motivo é a especulação imobiliária”.

Vivendo em São Paulo e circulando no seu entorno, inclusive em voos para outras regiões, eu não percebia esse desmatamento, exceto na capital e em regiões próximas das represas a Leste de São Paulo, claramente por força da especulação imobiliária, inclusive ilegalmente. Num voo até Rio Verde (GO) percebi que pouco depois de Campinas o cenário é dominado por forte produção agrícola, com pequenos focos de mata natural apenas no entorno dos cursos d’água, a maioria deles de pequenos córregos, o que deve ter sido resultado do desmatamento nas duas ou três últimas décadas.

Tendo um sítio a 70 km de São Paulo, com plantação de eucalipto, percebi que há fiscalização do desmate pela polícia, inclusive com o uso de pequenos aviões. E não imaginava que o desmatamento ainda estivesse acontecendo na Mata Atlântica, como apontado pela referida reportagem. Creio que seria importante ampliar a fiscalização nas áreas onde ele vem acontecendo, e impedir que o Congresso aprove legislação mais permissiva, como vem tentando fazer.

 

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.


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