Rogério Schmitt, cientista político e colaborador do Espaço Democrático
Edição Scriptum
A democracia brasileira deu mais uma demonstração de vigor nas eleições municipais realizadas neste domingo (6). Em poucas horas já sabíamos os nomes dos prefeitos e vereadores eleitos (ou que foram para o segundo turno) nas 5.569 cidades do País.
Uma das narrativas políticas mais repetidas ao longo da campanha eleitoral foi a de que elas seriam uma mera repetição da polarização entre lulismo e bolsonarismo que predominou nos dois últimos pleitos presidenciais. Nada mais distante da realidade.
Quando examinamos friamente os grandes números das eleições municipais, a conclusão inescapável é a de que o centro político foi – novamente – o grande vencedor da disputa.
O PSD e o MDB, os dois partidos de centro mais importantes, foram também as legendas que elegeram o maior número de prefeitos no Brasil como um todo: 882 e 856, respectivamente.
É verdade que estes números não são definitivos, pois ainda haverá segundo turno em 52 cidades. Mas nenhum dos dois partidos de centro poderá ser ultrapassado na classificação geral.
Os 1.738 municípios que serão administrados por partidos de centro correspondem a quase um terço (31,2%) do número total de cidades brasileiras.
O panorama não é muito diferente quando examinamos os resultados das eleições para as câmaras municipais. O MDB (com 8.064 vereadores eleitos) e o PSD (com 6.579) ocupam duas das três primeiras posições na tabela de classificação.
Vale lembrar que, ao contrário do que acontece com os vereadores, os prefeitos eleitos podem trocar livremente de partido ao longo do mandato. Nesse sentido, não será uma surpresa caso o PSD e/ou o MDB consigam atrair, nos próximos anos, gestores municipais eleitos por outros partidos.
A hipótese da polarização não encontra, assim, amparo nas evidências. O PT de Lula ficou apenas na 9ª posição no ranking de prefeitos, e em 8º no de vereadores. Já o PL de Bolsonaro terminou na 5ª posição em ambas as classificações.
Para mim não resta dúvida: os partidos de centro (mesmo sem considerar outras siglas que poderiam ser classificadas neste campo político) foram os maiores vencedores das eleições municipais de 2024.
O eleitor rejeitou a lacração ideológica e premiou a moderação.
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