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{ ARTIGO }

Pesquisa, especulação e a cenoura

As análises sobre a queda de popularidade de Lula não vão ao ponto central: a falta de comida no prato

 

Rubens Figueiredo, cientista político e colaborador do Espaço Democrático

Edição Scriptum

 

Resultados de pesquisas de opinião divulgadas recentemente mostraram uma queda na avaliação positiva do presidente Lula. Segundo o Genial/Quaest, comparando março de 2023 com março de 2024, o índice de ótimo e bom caiu de 38 para 34%, regular ficou estável e as avaliações negativas, ruim + péssimo, cresceram de 31% para 39%. A diferença de avaliações positivas menos avaliações negativas, que era de +7 pontos percentuais há um ano, está em –5 agora.

O interessante é que, no período considerado, o desempenho econômico, grande motor de boa vontade dos eleitores, ofereceu alguns indicadores interessantes. O PIB cresceu 2,9%, que não é nada fenomenal, mas ficou de bom tamanho, ainda que tivesse havido uma estagnação no segundo semestre. E, associada à expansão dos gastos públicos (leia-se mais déficit), a renda do trabalho experimentou uma alta de 11,7% em 2023.

É divertido acompanhar as explicações da maioria esmagadora dos analistas sobre a queda na popularidade do nosso mandatário. Intuem que a perda de prestígio presidencial estaria vinculada às declarações infelizes de Lula sobre Hitler e às questões relativas ao Hamas e Israel. Ou a crítica aos oposicionistas na Venezuela, que estão tendo a petulância de questionar a profícua administração de Nicolas Maduro. Ou ainda ao intervencionismo governamental na Petrobras.

A especulação corre solta. Precisamos lembrar que os resultados do levantamento de março de 2023 representam muito mais uma expectativa do que pode vir acontecer no mandato do que uma avaliação mais racional e baseada em condições objetivas. E o que acontece na Faixa de Gaza ou na eleição da Venezuela passa longe, mas muito longe, do campo de preocupação de vastíssima parcela dos brasileiros. Sabe onde a coisa pega? Na vida real. Metade dos brasileiros ganha menos que R$ 14 mil por ano. É o pessoal muito pobre, que passa aperto para colocar a comida no prato. Em janeiro e fevereiro desse ano, arroz, feijão, batata e cenoura aumentaram 10%. Que Hitler e Maduro nada. É a cenoura, estúpido!

 

 

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

 


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