Roberto Macedo, economista e colaborador do Espaço Democrático
Edição: Scriptum
Segundo o IBC-Br, o índice do Banco Central que procura prever mensalmente o desempenho do PIB (Produto Interno Bruto), avaliado trimestralmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a sua previsão mensal para maio foi negativa, à taxa de -3%. A variação do mesmo índice, em abril, foi positiva, de 0,8%. No caso do Monitor do PIB, da Fundação Getúlio Vargas, que também procura antecipar mensalmente as taxas de variação do PIB trimestral do IBGE, revelou também queda de 3% em maio, e no caso de abril foi também negativa, de 1,2%.
Com esses resultados, é provável que a variação do índice calculado pelo IBGE para o segundo trimestre deste ano, a ser divulgada no início de setembro, poderá ser negativa se no mês de junho não ocorrer uma taxa positiva que compense essas variações predominantemente negativas de abril e, principalmente, de maio. Ainda não vi previsões da variação em junho.
E a taxa do PIB no ano de 2023 como um todo? O ano começou muito bem, com o primeiro trimestre mostrando uma taxa de 1,9%, muito alta para um único trimestre, e que foi fortemente influenciada pelo excepcional avanço trimestral do agronegócio no mesmo período, a uma taxa de 21,6% (!). As safras agrícolas ocorrem predominantemente nesse trimestre, mas depois elas refluem com a época do plantio e as colheitas só voltam a influenciar fortemente o PIB no primeiro trimestre do ano seguinte.
No ano passado, ainda que a uma taxa menor, isso também teve efeito pois os percentuais trimestrais de variação do PIB foram 1,3%, 0,9%, 0,8% e -1,2%, do primeiro ao quarto trimestre, respectivamente. Como se percebe, o ano foi marcado por taxas trimestrais do PIB decrescentes, chegando a uma taxa negativa no último trimestre.
Dados os números mostrados inicialmente neste artigo e à importância atribuída à taxa de variação do agronegócio, a perspectiva para 2023 é também de taxas menores nos trimestres seguintes, mas podem não ser todas negativas e, a depender do valor, comprometer parcial ou totalmente os ótimos resultados no primeiro trimestre na determinação da taxa anual. O mercado financeiro, que sabe tudo o que foi dito acima e até mais, está prevendo um crescimento de 2,2% no ano, conforme mostrou o boletim semanal Focus do Banco Central, que apresenta as previsões de analistas do mercado financeiro, publicado em 25 de julho.
Seria uma taxa baixa para o potencial da economia brasileira se adequadamente explorado, o que não vem acontecendo, conforme demonstram as taxas baixas de investimento ou formação bruta de capital fixo do País, em torno de 18% do PIB, bem inferior às mesmas taxas dos países que crescem mais.