Roberto Macedo, economista e consultor da Fundação Espaço Democrático.
Edição Scriptum
Os jornais abordaram no início deste mês o tema da pobreza e extrema pobreza no País, em que vou concentrar minha atenção. Recorrendo a dados publicados pela Folha de S. Paulo, em 2023, o último ano para o qual os dados estão disponíveis, as parcelas da população pobre e extremamente pobre ficaram abaixo de 30% e 5% respectivamente, pela primeira vez desde 2012, quando os números a respeito passaram a ser levantados.
Um primeiro aspecto a ser observado é que essas porcentagens são relativas a uma população muito grande, que está perto de 200 milhões. Com isso o número de pobres atingiu 59 milhões (!) em 2023, depois de chegar a 67,7 milhões em 2022, uma queda forte para um ano, devida à melhoria das condições econômicas do país, espelhadas pela melhoria do mercado de trabalho, conforme outros levantamentos. Os benefícios sociais também explicam o recuo desde 2012, em particular nas regiões mais pobres, e em 2023, quando benefícios foram reformulados e ampliados.
No caso da população extremamente pobre, a queda foi de 12,6 milhões em 2022 para 9,5 milhões em 2023, uma queda também forte. Ou seja, os números de pobres e extremamente pobres são muito altos, principalmente no caso dos pobres, caso em que alcançam dezenas de milhões.
Regionalmente, as porcentagens de pessoas pobres e mais pobres são maiores no Nordeste e Norte, e menores no Sudeste, Centro-Oeste e Sul. Como era de se esperar, são maiores nas regiões também tidas como mais pobres.
Outros levantamentos mostram que a porcentagem de pobres e extremamente pobres são maiores entre pardos e negros, um fato que remonta à escravidão e à precariedade em que esses grupos foram deixados após a abolição.
Quanto ao que fazer, o mais importante seria recorrer à política econômica para aumentar bastante a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o que aumentaria também aumentaria o emprego e o PIB por habitante de um modo geral. Quanto aos pobres e extremamente pobres, seriam necessárias políticas específicas, em particular quanto à educação, inclusive a profissional, e à maior inserção no mercado de trabalho.
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