Roberto Macedo, economista e colaborador do Espaço Democrático
Edição Scriptum
Essa pressão pela redução dos gastos públicos vem aumentando. A causa: insucessos que o governo sofreu no Congresso Nacional ao tentar resolver o problema do déficit primário fiscal apenas pelo lado da receita. Entre esses insucessos esteve a devolução ao Executivo da medida provisória que restringia o uso de créditos do PIS/Cofins para compensar o fracasso da tentativa de voltar a onerar novamente com tributos 17 setores e muitos municípios que deixaram de pagar contribuições trabalhistas.
No último dia 17, o ministro Fernando Haddad, com a ministra Simone Tebet e outros ministros e integrantes da equipe econômica se reuniram com o presidente Lula para discutir como reduzir gastos, mas a reunião não decidiu nada sobre o assunto e Lula pediu mais informações. Ou seja, virão mais reuniões, mas é conhecida a indisposição do presidente em cortar outros gastos além de isenções tributárias que reduzem a arrecadação. Mas como dito acima, nem nisso ele teve sucesso.
Nesse contexto político-econômico, no dia 23 do mês passado o jornal O Estado de S.Paulo, em reportagem de página inteira, informou que o governador paulista, Tarcísio de Freitas, anunciou que adotará ainda neste ano um plano intitulado “São Paulo na Direção Correta”. Segundo a reportagem, esse plano terá “…uma série de medidas com o objetivo de cortar despesas na esfera pública, melhorar o ambiente de negócios e aumentar os investimentos.”
Isso terá desdobramentos políticos, pois o governador Tarcísio, embora negue interesse, é visto como potencial candidato à presidência da República em 2026. E o título de seu plano, o “São Paulo na Direção Correta”, dada a má situação das contas públicas federais, permite a interpretação de que na direção errada estaria o governo federal.
Assim, olhando à frente, teremos duas tentativas de ajuste fiscal, a do governo federal e a do governo paulista, o que gerará uma competição política entre os dois para apresentar melhores resultados. Espero que isso estimule esses ajustes, pois tanto a União como o Estado de São Paulo, e seus cidadãos, teriam a ganhar com o sucesso deles.
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