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{ ARTIGO }

Quanto juntar para ganhar mais R$ 10 mil por mês na aposentadoria?

Economista Roberto Macedo mostra como é possível poupar para garantir renda adequada quando deixar de trabalhar

Roberto Macedo, economista e colaborador do Espaço Democrático

Esse tema foi abordado em artigo publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo em 7 de janeiro deste ano, na página B12 do caderno de Economia e Negócios. Essa pergunta, com esse ou outro valor desejado a partir de uma determinada data, é típica de pessoas que não contribuem para o INSS ou que, embora contribuintes dele, não estão satisfeitas com o que vão receber só dele na aposentadoria. Milhões de pessoas estão nessas condições no Brasil.

O cálculo para a resposta envolve algumas variáveis. A primeira é determinar esse valor. A segunda é definir outro valor que renda mensalmente o total desejado, o que também envolve outra variável, a taxa de retorno do capital poupado. A quarta variável é o prazo da poupança. A quinta é como contornar o efeito da inflação. E a sexta como levar em conta o Imposto de Renda que incidiria sobre o valor financeiro poupado, se incidente sobre a aplicação realizada.

A reportagem mostra dois cenários, ambos para uma renda de R$ 10 mil por mês. Vou me limitar a um desses cenários. Ele não menciona o valor acumulado, mas que se o investidor poupar a partir dos 25 anos, para receber a partir dos 65, supondo uma taxa de juros de 4% ao ano, teria que desembolsar R$ 2,1 mil por mês. E se começar aos 40 anos, precisará de R$ 4.8 mil por mês.

A essa taxa de juros de 4%, o valor que geraria um rendimento de R$ 10 mil por mês seria de R$ 250.000,00. Assim, entendo que poupar R$ 2,1 mil por mês é um valor muito alto e está equivocado. Considerando o período de contribuição, seria de 468 meses, o que levaria a um total de R$ 982.800,00, sem contar juros acumulados.

O erro não foi do jornalista que fez a reportagem, pois ele recebeu de um analista de uma instituição financeira as informações que divulgou. Fiz meus próprios cálculos por meio da Calculadora do Cidadão. Se o leitor quiser usá-la, procure no site do Banco Central. Ela oferece quatro opções e fiquei com a primeira, adequada aos meus propósitos, que usaram os seguintes dados: número de meses: 468 (39 anos para receber a partir do 40º); taxa de juros mensal: 0,327% mensal, equivalente a 4% ao ano; valor a ser alcançado ao final: R$ 250.000,00.  Resultado: o dispêndio mensal seria de apenas R$ 225,58, muito longe do apresentado pela reportagem.

Este outro valor não seria muito pequeno? Aparentemente sim, mas multiplicado por 468 meses já daria R$ 105.571,44. O restante, até chegar nos R$250.000,00, viria como efeito dos juros compostos.

A reportagem citada tem ainda duas outras falhas. Como levar em conta o efeito da inflação e a cobrança de Imposto de Renda sobre os rendimentos obtidos. Vou analisar esses assuntos para incorporá-los nos cálculos, o que será objeto de um outro artigo.

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.


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