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{ ARTIGO }

Somos 40% e dizemos não à radicalização

Não podemos deixar que o ódio e a negação dos valores democráticos prevaleçam, alimentando a radicalização dos extremistas, escreve Vilmar Rocha

 

Vilmar Rocha, professor da Faculdade de Direito da UFG e coordenador de Relações Institucionais da Fundação Espaço Democrático

Edição Scriptum

 

A solidariedade do povo brasileiro foi novamente testada na tragédia que se abate sobre os gaúchos e mais uma vez se comprovou que esse sentimento é inerente ao brasileiro. Somos uma nação que se reconhece em sua totalidade, apesar das diferenças regionais ocasionadas pela grande extensão territorial do País, e que se solidariza frente às dificuldades.

Faço essa reflexão para discorrer sobre a radicalização que vem ganhando espaço na nossa sociedade, um movimento que considero extrínseco à nossa história, à nossa cultura e à nossa própria natureza, uma vez que não retrata essa conexão que existe entre os brasileiros.

Pensamentos divergentes que provocaram debates contundentes em diversos momentos históricos sempre coexistiram e são fundamentais para a democracia. Posso citar como exemplo a Constituinte de 1987/1988, quando representantes dos mais diversos segmentos da sociedade se uniram durante 20 meses para construir o novo pacto social do País. Lidamos com discordâncias de forma democrática, sem radicalismos, e conseguimos dar forma a Constituição mais representativa e bonita da história do Brasil. Infelizmente, o PT, que participou ativamente de todas as discussões e teve uma influência positiva no texto final, cometeu o erro histórico de não assinar.

O ambiente político de debate democrático prevaleceu durante a Constituinte e esteve presente – posso dizer com convicção – em todas as eleições que se seguiram, porque participei ativamente da maioria. Nos últimos anos, esse esforço de concertação vem sendo substituído pelo sectarismo, o mesmo que já levou mais de 7,7 milhões de venezuelanos a deixarem seu país, o que representa mais de 26% da população, uma das grandes diásporas da história recente.

A polarização é própria da política; o que não faz parte da política é o ódio e a intolerância ao pensamento diferente, é a prática do “nós contra eles”, que vem contaminando as relações políticas e também sociais e que, nas últimas eleições, orientou o voto no Brasil. O eleitor passou a votar não para eleger aquele que melhor o representa, mas para não deixar que o outro seja eleito.

Essa radicalização repele os verdadeiros democratas, aqueles favoráveis ao diálogo constante e ao respeito mútuo, mas acomoda bem os extremistas, que buscam eliminar as diferenças e os diferentes do espaço político, produzindo calor, mas não gerando luz.

Historicamente, o extremismo levou ao obscurantismo e à violência e, nos tempos atuais, esse movimento foi potencializado pelas redes sociais, que inserem a intolerância em todos os ambientes, do menor nuclear, a família, aos poderes da República. Não que as redes por si só tenham o condão de alterar o tecido social, elas vêm sendo usadas como meio de propagação do sectarismo e, infelizmente, encontrado terreno fértil entre os brasileiros.

Nós – democratas – precisamos reagir, e essa reação começa nas eleições de 2026. Somos maioria, mais de 40% que não se identificam com o bolsonarismo e nem com o petismo, e ansiamos por alternativas a esses extremos que não representam a democracia vibrante que o país busca e merece. Esse é o grande desafio que temos pela frente: não deixar que o ódio e a negação dos valores democráticos prevaleçam, alimentando a radicalização dos extremistas. Vamos dizer não à radicalização.

 

 

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

 


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