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{ ARTIGO }

Trump quer interferir na política interna brasileira, e isso é inadmissível

Para o cientista político Rogério Schmitt, não surpreende que os três poderes da República tenham se unido na defesa da soberania brasileira

 

Rogério Schmitt, cientista político e colaborador do Espaço Democrático

Edição Scriptum

 

Análises minimamente honestas sobre o conflito comercial entre os Estados Unidos e o Brasil, deflagrado pelo presidente Donald Trump, não podem fazer a abstração do seu evidente componente político-ideológico.

Os dois países têm todo o direito de fixar soberanamente as tarifas de importação que julgarem ser mais adequadas em cada momento. E cabe à cúpula dos dois governos e aos respectivos corpos diplomáticos a tarefa de negociar acordos e de buscar concessões mútuas.

Nada disso está sendo contestado por quem quer que seja. A rejeição generalizada ao tarifaço imposto pelo governo Trump tem a ver com outra coisa: a sua tentativa de interferir em questões internas da política brasileira.

O governo Trump nitidamente tomou partido em algo que não lhe diz respeito, que é o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal. Todos os recentes atos comerciais hostis ao Brasil adotados pelo governo Trump foram justificados com base em argumentos tomados diretamente de empréstimo do campo bolsonarista mais radical.

A lenga-lenga já é bem conhecida de todos. Bolsonaro estaria sendo perseguido injustamente. O ministro Alexandre de Morais seria um candidato a ditador. A democracia brasileira estaria em risco. Fora do campo político bolsonarista, ninguém no Brasil compra essas teses absurdas.

As nítidas afinidades político-ideológicas entre Donald Trump e a família Bolsonaro também não surgiram da noite para o dia. Há cada vez mais evidências de uma concertação internacional para dinamitar as bases tradicionais dos regimes democráticos.

Nas palavras do cientista político Carlos Pereira, o esquema “opera por meio da intimidação, do uso seletivo de sanções e da manipulação de instrumentos legais como ferramentas de guerra ideológica” (Estadão, 04/08/25).

Não surpreende, portanto, que os três poderes da República tenham se unido na defesa da soberania brasileira, e no direito à autodeterminação do País. Estão certíssimos!

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.


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